Relatos das provas

Adriana Araujo perde, é eliminada da Rio-2016 e reclama de resultado

Eduardo Ohata

Do UOL, no Rio de Janeiro

A boxeadora Adriana Araujo, que conquistou a medalha de bronze em Londres-2012, estreou nesta sexta-feira (12) nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, logo de cara, enfrentou uma das principais atletas do peso ligeiro feminino (de 57 a 60 quilos). 44ª colocada no ranking da Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA, na sigla), a brasileira acabou derrotada pela finlandesa Mira Potkonen, 11ª colocada no ranking da categoria, por decisão unânime dos jurados. 

O resultado não agradou Adriana, que achou que poderia ter saído vitoriosa do confronto com Potkonen. De acordo com a atleta, a avaliação dos jurados não foi condizente com o que aconteceu dentro do ringue.

"Eu coloquei os golpes mais contundentes, ela me golpeou também, mas meus golpes foram mais nítidos. Os árbitros estavam tendenciosos. Eles eram orientais, mas claro que iam puxar para os europeus", criticou a atleta. 

Adriana começou a luta com boa movimentação e tentando dominar o centro do ringue. A atleta conectou golpes potentes na finlandesa, especialmente na região do tronco. Passados dois minutos, o árbitro decretou o final do primeiro round, que foi vencido pela brasileira por 10 a 9 na opinião de dois jurados, enquanto outro apontou vitória da finlandesa pelo mesmo placar.

No segundo round, Adriana mudou a tática e apostou nos contragolpes, mas sofreu com a precisão. A brasileira tentou capitalizar os erros da adversária, mas acabou tornando-se um alvo estático para a rival, que conectou os golpes mais contundentes e venceu o round por 10 a 9 por unanimidade.

No terceiro assalto, Adriana voltou mais agressiva, mas a atleta sentiu o ritmo imposto por Potkonen e acabou dominada durante os dois minutos de combate do período, que acabou com vitória unânime da finlandesa por 10 a 9.

O último assalto seria decisivo para Adriana, que precisava reverter a desvantagem dos rounds anteriores. No entanto, com muita velocidade, a representante da Finlândia foi conectando golpes pontuais e encaminhou a vitória por decisão unânime dos jurados. 

De acordo com Adriana, não houve nada no confronto que tivesse sido diferente do que havia sido traçado por ela e a comissão técnica antes da luta.

"Acho que não deu nada errado, estava bem preparada, estava bem para a Olimpíada, mas nem sempre é como a gente espera", salientou Adriana.

Por fim, a atleta disse não ficar com sentimento de frustração após perder a chance de conquistar uma medalha olímpica em seu país, ressaltou ter muito orgulho de tudo que conquistou no esporte e afirmou que não está em seus planos disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, já que recebeu convite para passar a fazer lutas profissionais.

"Não frustrada, não tenho porque me frustrar, fiz grande história pro meu país e pra modalidade. Fico triste pelo resultado, queria trazer mais alegria pro meu país, mas frustração, não. Sou uma atleta que fez história pelo meu país", concluiu a boxeadora.

Após a luta, o treinador da seleção brasileira de boxe, Cláudio Aires, avaliou a decisão dos árbitros e preferiu não polemizar sobre o resultado.

"Não é que não concordo (com o resultado), eles escolheram que a melhor vencesse. Eles tomaram a decisão deles, se dessem para qualquer lado, estava bom. Ela treinou bem, estava bem, é uma menina experiente, medalhista. Sabemos que os outros países também estão treinados. Não foi nenhuma surpresa ver outros países competindo de igual para igual com a gente", explicou o treinador, em entrevista ao canal "Sportv".

Ainda segundo Cláudio, o peso de ser medalhista olímpica não atrapalhou a atleta na busca por mais um pódio na carreira, desta vez no Rio de Janeiro.

"De jeito nenhum, nem um pouco. Adriana não tem isso, trabalho psicológico feito foi bom. Estava engajada em ser medalhista, mas infelizmente a outra ganhou", concluiu.

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