Vôlei

Iraniana assiste ao vôlei pela 1ª vez. Jogo era proibido para mulheres

Matt Rourke/AP
A iraniana Fatemeh Mohseni assistiu a Irã x Cuba jogam nesta quinta-feira (10) imagem: Matt Rourke/AP

Luis Augusto Simon

Do UOL, no Rio de Janeiro

Cuba x Irã, um jogo de duas nações que devem tirar o sono de Donald Trump, termina com uma boa surpresa para o magnata candidato a presidente dos EUA. Tão forte quanto a da iraniana Fatemeh Mohseni, professora aposentada que viu pela primeira vez um jogo de vôlei na vida.

Fatemeh nem se assustou quando viu o compatriota Ali Rastami abraçado com a norte-americana Mary Ellen, cada um com a bandeira de seu país. Ela estava mais interessada em viver uma experiência até pouquíssimo tempo atrás proibida em seu país: uma mulher em um ginásio vendo homens jogando vôlei.

Para Rastami, que vive no Brasil, o esporte serve para unir povos e, apesar das diferenças, não há por que temer uma conversa ou o inesperado apoio.

Mary Ellen escolheu na hora para quem torcer. “Meu filho joga vôlei e tínhamos ingresso para esse jogo. Como a torcia do Irã estava mais animada, a gente veio ajudar. Eu não tenho nada contra Cuba ou Irã. Só não gosto do Trump”, opinou a norte-americana.

Fatemeh torceu muito. Ela explicou que alguns esportes são proibidos para mulheres. O corpo não pode ser mostrado. Luta estilo livre, greco-romana e futebol são esportes proibidos. 

Quem estava mais à vontade era a outra iraniana Soraya Ertebatti, há 38 anos no Rio. “Adoro Carnaval, samba e futebol”, disse, antes de dar uma arrumadinha no véu que cobria sua cabeça. “Tomara que o Irã tenha cada vez mais esportes. Para as mulheres também.”

Com a vitória confirmada, a torcida iraniana se aproximou bastante do gradil e pediu que os jogadores iranianos se aproximassem. Muitos vieram para a confraternização.

Houve muitos beijos no rosto, sempre três. Homem com homem. As mulheres recebiam agradecimentos e não eram tocadas. “O contato só é permitido quando são parentes próximos”, explica Sajad Salami, professor de Matemática na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que estava no Maracanãzinho com a mulher Yahideh Farhangi.

Os iranianos, aproximadamente 30, fizeram muito barulho, mas Cuba também tinha torcida. Gente que escolheu por simpatia ou por ideologia. Tinha até um cubano.

Angel  Dominguez está no Brasil há dois anos fazendo doutorado em Meteorologia. Com uma bandeira cubana nos ombros, gritou muito. “Fico com saudade dos grandes times de Cuba. Tomara que os jogadores espalhados pelo mundo possam voltar”.

Para ele, Trump não precisa se assustar com um jogo entre Cuba e Irã. “É esporte apenas. Jogamos contra todos. Cuba sempre foi atacada e nunca atacou ninguém. Só queremos ser do nosso jeito.”

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