Olimpíadas 2016

Comitê da Irlanda sugere punição a empresa que vazou ingresso a cambistas

Tasso Marcelo/AFP
Empresa Pro10 determinou entrada de ingressos a Kevin Mallon (foto), que está preso imagem: Tasso Marcelo/AFP

Hanrrikson de Andrade e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Horas depois de o UOL Esporte revelar, nesta quinta-feira (11), que a empresa contratada pelo Comitê Olímpico da Irlanda cedeu bilhetes à companhia apontada de operar a máfia do ingresso da Rio-2016, a entidade esportiva divulgou um comunicado oficial. Nele, os irlandeses recomendam a punições a "qualquer empresa" que colabora com o cambismo.

"A investigação do Comitê Irlandês sobre a venda ilegal de ingresso está progredindo. Solicitamos que o Comitê Organizador Rio-2016 transmita as provas e informações para permitir que tudo avance o mais rápido possível", declarou o órgão.

"Enquanto isso, recomendamos ao COI [Comitê Olímpico Internacional] e ao Comitê Rio-2016 que, se qualquer irregularidade for descoberta por parte de qualquer empresa autorizada a vender ingressos, que seu status seja revisto tanto para a Rio-2016 como para Jogos futuros."

Conforme informado pelo UOL Esporte, a empresa irlandesa Pro10, revendedora autorizada de ingressos da Olimpíada de 2016, foi uma das fontes de ingressos da THG Sports, multinacional apontada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como operadora de uma quadrilha para venda ilegal de bilhetes da Rio-2016. Segundo a polícia, os ingressos obtidos pela THG seriam vendidos por valores muito acima dos originais, o que confira crime de cambismo.

Dias antes do início da Olimpíada de 2016, a Pro10 enviou uma carta ao Comitê Organizador da Rio-2016 solicitando que os tíquetes da Pro10 fossem entregues a Kevin James Mallon, já no Rio de Janeiro. Mallon é um dos diretores da THG. Na sexta-feira (6), dia da cerimônia de abertura da Rio-2016, ele foi preso em flagrante num hotel da Barra da Tijuca.

No quarto em que Mallon estava hospedado, foram apreendidas 813 entradas para alguns dos eventos mais concorridos da Olimpíada --final do futebol masculino, cerimônia de encerramento etc. Boa parte delas nominalmente reservadas ao Comitê Olímpico da Irlanda. A Pro10 foi a empresa contratada pelo próprio comitê para revender os bilhetes destinados à entidade.

O UOL Esporte teve acesso à carta da Pro10 enviada ao Comitê Rio-2016. Na correspondência, a companhia identifica Kevin Mallon e menciona o número de seus documentos pessoais. Não informa, contudo, que ele é diretor da THG, cujas atividades no Brasil já vinham sendo monitoradas pelo Comitê Organizador.

O advogado da THG e de Kevin Mallon, Franklin Gomes, negou que a empresa ou seu diretor tenham cometido crimes no Brasil. Gomes disse que a empresa vendia pacotes com transporte, hospedagem e serviços para interessados a assistir eventos dos Jogos Olímpicos do Rio. Esse pacote, entretanto, não incluía ingressos.

A Pro10, empresa parceira do Comitê Olímpico da Irlanda para venda de ingressos da Rio-2016, foi procurada pelo UOL Esporte para explicar porque cedeu seus ingressos à THG. Não respondeu.

O Comitê Rio-2016 e o COI (Comitê Olímpico Internacional) informaram na terça que acompanham e apoiam o trabalho da polícia do Rio. Os órgãos disseram que não falarão sobre culpados e possíveis punições enquanto a investigação não for concluída.

Topo