Vela

Binóculo e olho no telão: Por que a vela é diferente de tudo para a torcida

Guito Moreto/O Globo/NOPP
Torcedores da vela vivem experiência diferente de ver prova por binóculo ou telão imagem: Guito Moreto/O Globo/NOPP

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Esqueça arquibancadas, gritos de guerra ou a emoção diante dos seus olhos. Para o torcedor, ver o torneio de vela é uma experiência muito diferente de qualquer outro esporte. A ação acontece tão longe que a medida é em milhas, os principais atores do espetáculo só podem ser vistos por binóculos e é um narrador que te explica o que está acontecendo, como se você estivesse no sofá da sua casa. A diferença? Você está deitado na areia, curtindo o clima olímpico.

“É bem legal, eu gostei de ter vindo. Não entendi muito bem o que aconteceu na primeira regata, mas é gostoso ficar aqui”, disse a finlandesa Solja Virtanen, em sua primeira experiência como torcedora no esporte. “Eu não tinha ideia que seria assim. Eu moro aqui e queria ver o máximo de esportes. Uma amiga tinha esse da vela e não pôde vir. Eu estou gostando”, disse João Paulo, que foi à praia com o irmão, Luiz Gustavo, vestindo uma camisa do Vasco. “É diferente, mas está gostoso. A gente sente o clima, consegue entender bem o que está acontecendo”, disse Tânia, que veio de Niterói em um catamarã (tipo de barco) acompanhada de outras cinco amigas.

O grupo de senhoras ocupava uma mesa ao lado da lanchonete oficial, dividindo lanches e cervejas. Os dois cariocas estavam de pé, assim como a finlandesa, que caminhava com seu chapéu em busca de uma sombra para descansar. A poucos metros dela, britânicas se esparramavam na areia sob uma canga. Quem chegou cedo deu sorte de pegar uma esteira e um guarda-sol que a organização disponibilizou para o local. Quase todos estavam virados para o telão, enquanto os barcos e pranchas passavam pelo horizonte a uma distância tão grande que não era possível identificá-los a olho nu.

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João Paulo e Luiz Gustavo posam para foto com telão ao fundo; vascaínos se surpreenderam com a torcida na vela imagem: UOL

“Eu sempre trago meus binóculos, porque é difícil de ver. Esse é um objeto que todo torcedor de vela tem de ter”, disse Terry, pai de Cameron Pimentel, velejador de Bermudas da classe laser. Os torcedores “experimentados”, como ele, a mulher e a filha que o acompanhavam, eram maioria. Fãs com bem mais de uma competição do esporte no currículo explicavam que a distância para os barcos pode variar, mas quem vai assistir à vela sabe que é isso que vai encontrar.

“Existem vários tipos de regatas. As que são em lagoas ou rios você consegue ver com uma proximidade maior. Em lugares como aqui, não. Elas são como a Fórmula 1, nesse sentido. Muitas vezes é possível você ir nos lugares onde os barcos estão ancorados, falar com os velejadores, criar uma conexão maior. Acho que aqui, por segurança, eles não permitiram”, disse Gerson Costa, que foi à competição acompanhado do filho Edson.

É comum, em competições internacionais, que os torcedores sejam autorizados a navegar até uma área segura para que vejam a competição do mar. Antes do início da Olimpíada, Torben Grael reclamou da ausência dessa possibilidade no Rio, vetada por questões de segurança.

“Isso é um pouco incômodo. Eu preferia estar vendo de perto com o meu barco. É uma pena que não possa”, disse Ernesto, pai da uruguaia Dolores Moralez, atleta do RS:X feminino, que, apesar de crítica, via tudo da praia graças ao telão e à narração. 

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