Vela

Como uma mãe olímpica se vira para buscar medalha e não desgrudar do bebê

Saulo Cruz/Exemplus/COB
Fernanda Oliveira ao lado da parceira Ana Luiza Barbachan; caminho para a Rio-2016 teve novidade para a velejadora imagem: Saulo Cruz/Exemplus/COB

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Fernanda Oliveira tem quatro Olimpíadas na carreira e está no Rio de Janeiro para a sua quinta. O caminho para a edição que disputará em casa, no entanto, foi bem diferente dos anteriores. Medalhista de bronze em Pequim-2008 ao lado de Isabel Swan, a primeira mulher brasileira a conquistar medalha na vela agora é mãe. E buscar um novo pódio sem desgrudar de Roberta, hoje com dois anos e meio, exigiu uma espécie de rotina dupla ao longo dos últimos quatro anos.

“Ela sempre viajou comigo para todos os lugares. Graças a Deus eu tive essa condição de levá-la. O mais custoso é o desgaste físico meu, que além da tarefa do barco e competição tinha a tarefa de cuidar dela. As noites todas ela sempre passa comigo. A Ana no fim das contas me dá uma força incrível, porque ela trabalha a mais no barco para que eu possa conseguir fazer tudo. A gente tem uma equipe maravilhosa e conseguiu essa harmonia”, conta a mamãe olímpica.

“Ana” é Ana Luiza Barbachan, parceira de Fernanda na classe 470 feminina. Para ajudar a parceira a realizar dois sonhos ao mesmo tempo, ela topou virar uma “tia” especial para Roberta ao longo das várias viagens que as duas fizeram por competições ao redor do mundo nos últimos anos. “Ela que batizou nosso barco, colocou a mãozinha lá. Já está super acostumada à nossa rotina”, contou a velejadora.

Reprodução/Facebook
Fernanda com a filha Roberta e a parceira Ana imagem: Reprodução/Facebook

Contar com o apoio diário da parceira é só um dos vários níveis de planejamento que ter um filho durante um ciclo olímpico exige. Fernanda escolheu ser mãe no começo da campanha para o Rio para ter tempo de voltar ao alto rendimento a tempo de brigar por medalhas, cercou-se de uma estrutura que possibilitasse as viagens e se preparou para a rotina dupla que teria se quisesse não desgrudar da filha.

“É o meu quinto ciclo, aí não tinha jeito. Faz parte da vida do atleta encontrar seu equilíbrio. Eu estava casada há uns 5 anos, então foi uma brecha que a gente encontrou. Eu me enganei um pouco, porque achei que fossem ser uns Jogos mais tranquilos por ser em casa. Só que não foi, quando eu não estava fora, estava no Rio. Ela está com a gente desde que ela nasceu. A partir do segundo mês dela, a gente viajou todos os meses”, disse Fernanda, que nasceu e vive em Porto Alegre.

Para auxiliar no dia a dia fora de casa, a velejadora está sempre acompanhada de uma babá ou alguma pessoa da família. Durante a Rio-2016, Roberta estará com o pai e os avós na cidade, ao alcance de Fernanda a cada noite. “Ela está numa fase que sabe direitinho o que é. Fala: ‘Mamãe olimpíada, mamãe vai buscar medalha, mamãe e ana tão treinando’. Ela sabe tudo”, diz a velejadora.  
 

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