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Dança da chuva inspira lutador indígena que representa comunidade no México

Eduardo Ohata/UOL
Elias Emigdio Abarca, lutador indígena do México na Rio-2016 imagem: Eduardo Ohata/UOL

Eduardo Ohata

Do UOL, no Rio de Janeiro

As imagens ainda estão frescas em sua memória. Aos quatro anos, o mexicano Elias Emigdio Abarca acompanhava o pai na festa de Santa Cruz. Seu pai e outros membros da comunidade indígena de cerca de 2.000 pessoas se fantasiavam de jaguar e lutavam no topo de uma montanha sagrada para pedir chuva.

“Cada pingo de sangue, uma gota de água”, explicou com um sorriso Abarca, hoje com 25 anos, membro da seleção mexicana de boxe que disputará a Olimpíada Rio-2016 e que foi eleito, em 2015, o melhor lutador da World Series of Boxing (liga semiprofissional da Aiba).

“Quem imaginaria que um vilarejo pequeno de índios um dia teria um representante em um palco que o mundo inteiro estará acompanhando?”, pergunta, de forma retórica, Abarca.

“Saí de lá e hoje moro em Naucalpan, que fica numa região mais central, mas lembro bem das tradições, especialmente porque meu pai participava delas”, conta Abarca, emocionado.

Além do legado indígena, o pai de Abarca nutria uma outra paixão, também absorvida pelo jovem atleta: o pugilismo.

“Eu luto pelo meu pai. Ele não foi profissional, e como amador não teve uma carreira muito boa. Quero fazer o que ele não teve condições de fazer”, explica o peso-mosca (até 52 kg), que poderá cruzar com Julião Neto na Rio-2016.

Nos ringues, ele vem chamando a atenção. Enquanto conversava com a reportagem no Riocentro, palco do boxe na Olimpíada do Rio, o mexicano foi abordado por um CEO da Golden Boy Promotions, empresa de promoções de lutas de Oscar de la Hoya. Ele agora dirige a Ringstar Sports.

Apesar de toda sua ligação, apreço e orgulho por seu pais e sua origem indígena, o mexicano diz que não se inspira, nem procura não pensar no ritual da chuva pouco antes de seus combates nos ringues de boxe. Por um motivo bastante lógico.

“Eu te disse que ‘cada pingo de sangue é uma gota de água, não? Pois eu não quero sangrar no ringue”, conclui, aos risos.

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