Esgrima

Surpresa em 1º dia na esgrima fez até marido argentino torcer pelo Brasil

Flavio Florido/Exemplus/COB
Nathalie Moellhausen contagiou o público no primeiro dia de esgrima imagem: Flavio Florido/Exemplus/COB

Adriano Wilkson

Do UOL, no Rio de Janeiro

O nome de Nathalie Moellhausen não está entre os mais conhecidos pelos torcedores, mas foi essa esgrimista nascida na Itália e filha de brasileira que conquistou, até agora, o resultado mais surpreendente do esporte entre os brasileiros.

Nas arquibancadas da Arena Carioca 3, o público adotou a ítalo-brasileira e a empurrou até o fim de sua participação. O torcedor mais empolgado era seu marido e estava, ironicamente, vestido com a camiseta da Argentina.

“Eu falei para ele: ‘Se você me ama, vai torcer por mim no meio dos brasileiros e com a camisa da Argentina’”, contou com um sorriso largo a esgrimista de 30 anos, depois de perder nas quartas de final.

Com duas vitórias no dia, ela conseguiu o melhor resultado da história da esgrima olímpica nacional. Nunca uma mulher havia vencido em Olimpíada. Nunca uma pessoa, homem ou mulher, havia chegado tão longe.

Em contato com jornalistas ao final do duelo, Nathalie se descreveu como uma “cidadã do mundo”. Em português fluente, embora pedindo ajuda para completar algumas frases e dizer algumas palavras, ela contou parte da história de sua família.

Com ascendência alemã, italiana e brasileira, ela frequenta o Brasil desde os 12 anos em visita à família de sua mãe, que é de São Paulo. Na Itália, ela tinha uma carreira consolidada como esgrimista e chegou a vencer um campeonato mundial por equipes e ser a quarta melhor do mundo em 2009.

Foi sua avó materna quem sempre a incentivou a competir pelo Brasil. “Mas eu pensava, ‘Como assim mudar de país? Isso não pode!’ E então vi que podia, e mudei.”

Flavio Florido/Exemplus/COB
Nathalie Moellhausen acabou eliminada por francesa nas quartas de final imagem: Flavio Florido/Exemplus/COB

Alta, esguia, cabelos claros e traços finos, ela fez trabalhos como modelo de foto e de passarela, sempre explorando sua ligação com o esporte. “Eu nunca me afastei totalmente da esgrima”, disse Nathalie, um brinco com cinco espadas balançando em sua orelha. “Meu trabalho como modelo também era uma forma de divulgar melhor o esporte.”

Antes do torneio começar, seu nome não estava entre os favoritos para avançar. “Eu sei que os brasileiros não me conhecem. Eu estou competindo pelo país há apenas dois anos, mas acho que agora eles vão poder saber um pouco mais de mim”, afirmou a espadachim, ainda encantada com o apoio da torcida. “Não sabia que os brasileiros torciam tanto assim”

Durante todos os momentos em que esteve em ação, ela ouviu gritos de apoio a si e vaias a suas adversárias. Como é característico no esporte, vibrou a cada ponto que conseguiu. No último jogo, contra a francesa Lauren Rembil, esteve sempre perdendo, mas na parte final encostou no placar, para delírio do público, que bateu os pés e fez o chão da arena tremer.

Nathalie vive na França. “Uma vez treinamos juntas”, disse Lauren, esgrimista de 24 anos, “e ela me ganhou. Hoje consegui ser eu a vencê-la.”

“Eu treino com muitas francesas e acho que nunca perdi de uma”, disse Nathalie, outra vez sorrindo. “Hoje foi a vez dela.”  

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