Russa delatora não recorrerá à CAS por direito de competir na Rio-2016

A atleta russa Yulia Stepanova, delatora que originou a investigação sobre o esquema de doping de Estado na Rússia e excluída dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, não irá recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS), anunciou a atleta em comunicado publicado nesta sexta-feira.
"Temos uma grande tristeza e decepção", escreveram Stepanova e seu marido, Vitali Stepanov. "Acreditamos que ao impedir a Yuliya de participar da competição, estão enviando uma mensagem de que o código mundial antidoping e os valores do olimpismo são apenas palavras escritas em papel. Por consequência, não iremos recorrer à CAS", explicam.
Os testemunhos de Stepanova, atleta dos 800 m, e de seu marido, ex-dirigente da agência russa antidoping, originaram a investigação que terminou na suspensão da federação de atletismo da Rússia.
Stepanova foi suspensa dois anos por anomalias em seu passaporte biológico entre 2011 e 2013, mas a Federação Internacional de Associações de Atletismo (Iaaf) declarou que a atleta estava apta a disputar a competição graças a sua colaboração na investigação.
Com isso, pôde participar dos campeonatos europeus de atletismo de julho, em Amsterdã (Holanda).
O caso de Stepanova, porém, representava um problema para o Comitê Olímpico Internacional (COI), que decidiu que qualquer atleta russo com histórico de doping seria excluído dos Jogos do Rio.
"Estamos decepcionados porque o COI não levou em consideração os riscos corridos por Yuliya e os prejuízos a sua carreira ao colocar em evidência as trapaças russas e ao estar à altura dos ideais do código mundial antidoping", criticou o casal.
"Para ela, foi um verdadeiro choque ser classificada como 'não suficientemente' ética para participar dos Jogos pelo COI", concluíram.