Risco de lixo na Baía de Guanabara para velejadores é baixo, diz secretário
Secretário de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, André Corrêa afirmou nesta quarta-feira (20), em entrevista concedida ao lado de uma ecobarreira no Rio Meriti, que não há como garantir que nenhum velejador será prejudicado pelo lixo flutuante da Baía de Guanabara durante as provas de vela dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele, no entanto, avalia como baixo o risco de isso acontecer, bem como o de contaminação pelo contato com água.
Corrêa destacou que a água no local das raias olímpicas é historicamente boa pela proximidade com o mar aberto, proporcionando uma constante troca de água. Segundo o secretário, o Estado tem tomado providências para garantir a qualidade da água e para eliminar o lixo flutuante da baía, evitando riscos para os velejadores.
"A probabilidade disso acontecer é muito baixa, mas eu não seria leviano de garantir, porque lixo zero não existe nem na Baía de Guanabara e nem em qualquer baía do mundo", disse Corrêa, quando questionado sobre a possibilidade de um barco ser afetado por lixo flutuante e sobre o risco de contaminação pela água.
O secretário já mergulhou no local das provas para convencer sobre a balneabilidade do local onde estão as raias olímpicas e disse que o faria de novo se necessário.
"Nos eventos-testes de 2014 e 2015 não tivemos nenhum problema de lixo nas raias", afirmou Corrêa. "A condição da água nas raias e na própria Marina da Glória (de onde sairão as embarcações) é boa". Segundo ele, a partir de agora o monitoramento da água da Marina da Glória e da baía será diário.
O governo estadual contratou para os Jogos 11 ecobarcos para fazer a retirada do lixo flutuante da Baía de Guanabara. Há ainda 17 ecobarreiras montadas na foz dos rios para evitar que o lixo chegue em grande volume à Baía de Guanabara.
Somente no mês passado, os ecobarcos recolheram em média 700 quilos diários de lixo de resíduos da baía e com a proximidade dos Jogos o período de atuação dos ecobarcos será ampliado.
"Temos 17 ecobarreiras instaladas e nos últimos 30 dias, mesmo com dificuldades financeiras, retiramos toneladas e mais toneladas da Baía", declarou Corrêa ao frisar que em dias secos (sem chuva) a quantidade de lixo que chega à baía é bem menor que em dias chuvosos. Apenas 10 das 17 ecobarreiras já teriam recolhido ao longo de seis meses de trabalho 2.417 toneladas de resíduos.
O Estado havia se comprometido a tratar 80 por cento do lixo lançado na Baía de Guanabara até a Olimpíada, mas desde o ano passado a meta foi abandonada por falta de recursos para as obras de saneamento nos municípios do entorno, que lançam diariamente toneladas de esgoto no local.
A Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) estima que o patamar atual é de 49 por cento, mas Corrêa admite que o dado é "questionado pela academia".
"A meta de 80 por cento era muito ousada e só contribuiu para o descrédito que ronda a Baía de Guanabara", disse Corrêa.
Segundo o secretário, desde 1995 foram investidos na despoluição da Baía de Guanabara cerca de 2,5 bilhões de reais e são necessários no mínimo mais 20 bilhões de reais para se realizar as obras de saneamento nos municípios que cercam a baía.
"Todos os programas de despoluição são de longuíssimo prazo, 35 ou 40 anos. Qualquer pessoa que disser que essa baía vai estar em condições ambientalmente adequadas em menos de 25 ou 30 anos está mentindo", disse o secretário de Ambiente que quer criar uma empresa gestora da Baía Guanabara até o ano que vem.
A poluição da Baía de Guanabara é uma das principais preocupações dos Jogos, e velejadores disseram que objetos flutuantes podem ser um complicador para a competição olímpica.