Olimpíadas 2016

Choro e vaias mexeram com Nenê. Pivô quer deixar imagem positiva na Rio-16

Zou Zheng
Nenê deixou a cara fechada de lado e esbanjou sorriso ao falar de seleção e Brasil imagem: Zou Zheng

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

Nenê mudou. E está mais sorridente, feliz. O pivô do Washington Wizards e da seleção brasileira ficou conhecido por algumas polêmicas, desfalques na hora de defender o país e marcado pela vaia quando foi o anfitrião da primeira partida da NBA no Brasil. Mas agora decidiu que era hora de deixar a cara fechada para trás e buscar uma imagem positiva no momento que se prepara para participar de uma Olimpíada em casa.

A mudança não ocorreu por acaso. Apesar do jeito “durão” e de sempre garantir que não ligava para críticas, Nenê ficou traumatizado com a recepção negativa justamente naquela que era para ser sua festa – Washington Wizards x Chicago Bulls, em 2013, no Rio de Janeiro. Após o jogo, não segurou o choro e foi às lágrimas em um canto do vestiário. Sozinho, o jogador que foi lançado ao sucesso na mesma capital fluminense amargava ali uma das maiores derrotas de sua vida.

A cena nunca foi revelada pelo pivô, mas acabou sendo confirmada pelo UOL Esporte por pessoas próximas ao jogador durante evento da NBA na última terça-feira, na zona portuária do Rio. O episódio serviu de ponto de partida para um novo estilo de comportamento, que só acabou sendo conferido agora, na primeira aparição pública do jogador no Brasil após alguns anos.

De acordo com amigos, Nenê não estava satisfeito com a situação. Ele não se via um ídolo do esporte no Brasil, apesar do enorme reconhecimento nos Estados Unidos. Era hora de mudar aquele jeito, "quebrar o gelo", acabar com qualquer tipo de antipatia.

Na cabeça do atleta, os Jogos Rio-2016 na parte final da carreira se apresentaram como a chance perfeita de mudar sua avaliação diante dos brasileiros e passar uma borracha no passado.

No rápido contato com a imprensa na última terça, um novo Nenê não se importava nem mesmo com os assuntos mais delicados. Em outros tempos, resposta curta e grossa para cada pergunta que não o agradasse seria a reação mais óbvia.

"Vaia? Problema? Não tem nada disso. Na minha cabeça, agora, só penso no presente e no futuro. As coisas do passado não ajudam em nada. Só penso em defender meu país e dar alegria a meu povo nessas Olimpíadas. Ter um ginásio cheio torcendo por você será fantástico", disse o pivô, que em outras situações deixava claro que a seleção não chegava a ser sua prioridade.

Em gravações com TVs e pedidos de fãs, mais respostas tranquilas e muitos sorrisos. O comportamento surpreendeu a muitos que já o acompanham há algum tempo.

O desafio agora é em quadra. Com um novo comportamento nos bastidores, o sorridente Nenê tentará, junto da seleção brasileira, mudar a história de mais de 50 anos sem uma medalha olímpica – a última foi o bronze em Tóquio, em 1964.

"Confio muito nessa seleção atual. Estamos bem, felizes, nos damos muito bem dentro e fora de quadra. Aprendemos a encarar os maiores adversários de igual para igual. Temos plenas condições de brigar por essa medalha. Os maiores adversários somos nós mesmos. É trabalhar. Muito. E focar nesse objetivo", finalizou. 

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