! Xuxa conta como foi sua estreia em Olimpíadas: xixi nas calças de nervoso - 14/04/2016 - UOL Olimpíadas

Olimpíadas 2016

Xuxa conta como foi sua estreia em Olimpíadas: xixi nas calças de nervoso

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

Fernando Scherer tinha 22 anos e seis medalhas em Mundiais de natação quando fez sua estreia na Olimpíada. Era a eliminatória para os 100 m livre nos Jogos de Atlanta-96 e ele teve o nome anunciado pelo narrador para que se levantasse e saudasse o público. Só que, contrariando o protocolo, o brasileiro permaneceu sentado. No momento em que era focalizado pelas câmeras de TV e tinha todos os olhos sobre si, o Xuxa estava fazendo xixi.

“Normalmente eu ia no banheiro 15 minutos antes da prova. [Ia] uma vez, duas... Aquele dia eu já tinha ido cinco vezes fazer xixi. E na hora da prova eu estou ali sentado. Normalmente falam seu nome, você levanta da cadeira, senta de novo e vai para a prova. E lembro que quando chamaram meu nome eu não pude levantar porque eu estava fazendo xixi de novo: “Nossa, estou na Olimpíada’”, contou ele, aos risos, durante a participação no Bate-Papo UOL na última terça.

O episódio foi escolhido por ele para mostrar como a Olimpíada é diferente de qualquer outra competição que um atleta pode disputar. E ele fala com a experiência de quem superou o “incidente” da estreia. Bronze nos 50 m livre em Atlanta-96 e no revezamento 4x100 m livre em Sydney-00, Xuxa é um dos maiores nomes da história da natação brasileira.

Tudo isso sem abdicar da diversão. Com fama de baladeiro desde o início da carreira, Scherer defende que aproveitar a vida noturna é parte da receita de sucesso de gênios como Michael Phelps, conhecido por seus excessos fora das piscinas.

“Com 20 anos você é mais irresponsável. Você treina duro e vai dar resultado. Se ele tivesse se cuidado mais, claro que os resultados poderiam ser melhores. Mas melhores a que ponto? Melhor ao ponto de você não ser feliz? Faça tudo o que for para ser feliz. Saindo de vez em quando e se divertindo o treinamento vai ser feliz. Os exageros fizeram parte das 8 medalhas do Phelps e do meu bronze”, disse Xuxa.

Veja, a seguir, os melhores momentos da entrevista com Xuxa:

Podia ser prata, mas também podia ser quarto lugar

É difícil explicar a sensação na hora. É a maior sensação de realização possível você estar entre os três melhores do mundo. Você sonha com aquilo. Eu lembro que 3 meses antes das Olimpíadas de Atlanta eu já estava acordando de madrugada, suando desesperado, sonhando que eu batia na prova e era medalha de ouro. Acordava assustado e não conseguia mais dormir. E eu tinha de acordar às 6h para treinar. Querendo ou não, isso vai te cansando fisicamente e mentalmente. A maior sensação de realização foi quando eu olhei no placar e tinha o terceiro lugar, a medalha de bronze. Aí eu vi a diferença para o segundo e falei: “Ai, 3 centésimos, eu podia ter sido prata”. Aí olhei para baixo: “Três centésimos pro quarto? Putz, eu podia ser quarto. Nossa, o bronze é maravilhoso”.

Joguei água na cabeça para esconder o xixi

Eu tinha nadado Pan, Mundial, vários eventos-teste em Atlanta, para você se acostumar com o clima. “Eu geralmente ia no banheiro 15 minutos antes da prova. [Ia] uma vez, duas... Aquele dia eu já tinha ido cinco vezes fazer xixi. E na hora da prova, em 1996, nos 100 m livre, eu estou sentado. Aí normalmente falam seu nome, você levanta da cadeira, senta de novo e vai para a prova. E lembro que quando chamaram meu nome eu não pude levantar porque eu estava fazendo xixi de novo: “Nossa, estou na Olimpíada’. E muito nervoso. Eu lembro que na hora eu fiquei curtindo o momento. Juro, eu não tinha o que fazer. Eu não vou levantar pingando. Eu fiquei sentadinho, curtindo, com os bracinhos [faz sinal de que ergueu os braços para saudar a plateia]... o único que não levantou. Aí fui abaixadinho e peguei uma touca, porque na época eu tinha cabelo. Peguei a touca, joguei na água e joguei na cabeça. Aí eu podia levantar porque daí a sunga estava molhada talvez do banho que eu me dei, mas na verdade foi para esconder.

Fama de baladeiro era justa

Ah, eu era [baladeiro]. Eu tinha 22 anos, era solteiro... Mas não é nem isso não, eu vou explicar. O período de treinamento é de seis meses treinando duro todos os dias, 24h, porque você come e dorme pensando no treino. E quando acabava a competição eu tinha um mês de férias. Pô, está de brincadeira? Nesse mês de férias a última coisa que eu queria fazer era dormir e comer saudável. Eu saia à noite e dormia o mínimo possível. Queria me divertir com meus amigos, encontrar todo mundo, paquerar, fazer qualquer coisa porque eu sabia que ia ficar seis meses de novo sofrendo e treinando. Então você extravasa.

Xuxa ajuda a analisar as chances de Cielo ir à Rio-2016

Xuxa original tem muito a ver com sucesso de Scherer

Ah, ela é maravilhosa. Tenho um carinho muito grande por ela. Se eu tenho esse reconhecimento na rua é pelo apelido. Xuxa pega. Muitas vezes as pessoas não sabem que eu sou o Fernando Scherer. E acho que essa imagem dela ser tão boa com as crianças me deu um carinho muito grande com crianças também. Até hoje vejo crianças de 7 anos que não me viram nadar, me veem na academia, na rua e falam: “Xuxa”. É simples. O pai fala e a criança marca esse apelido.

Ronaldo Fenômeno virou parceiro de pôquer

Agora estou levando muito a sério o pôquer. Tenho estudado, acabei de chegar de um curso de três dias com João Simão [jogador profissional de pôquer]. Joguei ontem com ele [Ronaldo}. Joga muito bem, além de ser uma figura extraordinária. Esse é uma pessoa nota mil. Todo mundo na mesa se diverte. É incrível como toda a atenção vai na estrela que ele tem. E a estrela dele não é só no futebol, com a mídia, nos lugares, não. Ele me derrubou num BSOP [campeonato brasileiro de pôquer]. Aí a estrela do Ronaldo brilha mais uma vez. O máximo que eu pude fazer foi dar um abraço muito forte no Ronaldo. É um cara extraordinário, superdivertido. O carinho que as pessoas têm nele é uma coisa marcante.

Três medalhas olímpicas como empresário de Cielo e Thiago

É um casamento e não precisa durar, tem que ser bom enquanto dura. A gente [ele e Cielo] fez o ciclo e ele ganhou o ouro em 2008. A gente estava realizado. Eu tenho meus negócios, ele tinha os dele, tem a família querendo controlar. E eu concordo. É o pai e a mãe vendo o filho campeão olímpico. Por que eu vou cuidar da carreira dele? Os pais têm a consciência de que podem cuidar melhor. E aí a gente resolveu parar a relação. A gente continua com o mesmo carinho. Depois eu segui com o Thiago, fizemos os trabalhos e depois ele estava com a medalha de prata. Minha questão então é: “Poxa, será que não podia pegar ninguém de novo até a Olimpíada e botar mais uma medalha?” [Risos]
 

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