Australiana que nasceu com braço paralisado disputará Rio-16 em dose dupla
A mesa-tenista Melissa Tapper terá uma missão dupla no Rio de Janeiro neste ano. A atleta de 26 anos disputará não apenas a Olimpíada, como também a Paraolimpíada. Não será a primeira esportista da história a obter tal feito, mas será a primeira da Austrália, uma das potências olímpicas do planeta.
Melissa não tem praticamente nenhum movimento em seu braço direito. Ela sofre de Paralisia de Erb, uma deficiência causada pela lesão do grupo superior dos nervos principais do braço, que ocorre quase sempre durante o nascimento, como é seu caso.
Quando criança, Melissa se arriscou em esportes como netbol, natação e atletismo. Só foi dar as primeiras raquetadas aos oito anos de idade como forma de recreação nos intervalos escolares. Rapidamente chamou a atenção dos técnicos da escola e aos 12 anos já fazia parte da equipe do estado de Victoria. Aos 14, já integrava a equipe júnior da Austrália.
Seu desenvolvimento foi tão rápido que em 2009, quando tinha 19 anos chamou a atenção do Comitê Paraolímpico Australiano, que elaborou um programa para que ela estivesse nos Jogos Paraolímpicos de Londres. Ela teve sucesso na empreitada e competiu na capital britânica em 2012 e terminou na quarta colocação na categoria SF 10 (para atletas que não tem movimento total no braço com o qual pegam na raquete).
Em 2014, resolveu se arriscar em uma competição para atletas sem deficiência e participou da seletiva australiana para os Jogos da Comunidade Britânica. Conseguiu a classificação e não fez feio. Fez parte da equipe que ficou com a medalha de bronze e no torneio de duplas acabou eliminada na segunda rodada.
Esta participação lhe deu ainda mais força e coragem para encarar a seletiva para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Em seu site pessoal classificou a empreitada como "a transformação de um sonho em realidade". E Melissa - ou Milly como é chamada em seu país - chegou à vaga olímpica no último dia 27 durante o Pré-Olímpico da Oceania.
"Meu primeiro sentimento foi o de alívio e satisfação por um trabalho tão árduo e que exigiu tanto de mim tenha dado resultado. Tudo o que vier pela frente agora será um bônus", disse Melissa.
Atualmente na 328ª colocação do ranking mundial para atletas sem deficiência e quarta na categoria SF10 da lista paraolímpica, Melissa não será a primeira mesa-tenistas a participar dos dois eventos. A pioneira foi a polonesa Natalia Partyka, que competiu nas Paraolimpíadas de 2000, 2004, 2008 e 2012 e das Olimpíadas de 2008 e 2012. Ela nasceu sem a mão direita.
Para chegar em boas condições de competir na Olimpíada, Melissa afirmou ao jornal Huffington Post que pretende seguir com a rotina que teve até obter a sua vaga: de quatro a cinco sessões semanais de treinos de força, velocidade e condicionamento físico.
Mas Missy não vive apenas do esporte. Ela também trabalha como recepcionista do Instituto de Esporte de Vitória e faz consultoria financeira para uma empresa.
Feliz por fazer parte dos Jogos Olímpicos, Melissa sabe que alcançar uma medalha é uma tarefa quase impossível, mas parece não ligar muito para isso.
"Sei que tenho muito mais chances de ganhar uma medalha na Paraolímpiada. Sou número quatro no mundo e espero chegar ao pódio", afirmou.