'O clima de quanto pior melhor não interessa', diz Dilma em obra olímpica
A presidente Dilma Rousseff participou na manhã desta sexta-feira da inauguração do Estádio Aquático Olímpico no Rio de Janeiro e aproveitou seu discurso para pedir a unificação do país neste momento de crise. Ela fez uma relação com os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos com a situação que o Brasil enfrenta.
"O clima de quanto pior melhor não interessa ao país. Se somos capazes de fazer a Olimpíada, somos capazes de fazer nosso país voltar a crescer. Vemos nisso (Olimpíada e Paraolimpíada) nisso um elemento de convergência, diálogo e parceria. É o símbolo do que é possível fazer quando pessoas de bem se unem em prol do povo brasileiro", afirmou Dilma em seu discurso em sua primeira aparição em uma inauguração de obra olímpica.
A palavra "impeachment" ou "golpe" não foi utilizada nenhuma vez pela presidente durante o seu discurso no complexo aquático. Na última quinta-feira, em mais um evento no Palácio do Planalto contra a sua queda, Dilma havia criticado os "vazamentos seletivos e oportunistas" ao comentar a delação do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.
A agenda da presidente no Rio de Janeiro nesta sexta-feira ainda incluirá um evento do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Antes da chegada de Dilma de helicóptero ao Estádio Aquático, a instalação sofreu com uma queda de luz que durou cerca de 15 minutos, o que provocou o desligamento do sistema de ar condicionado. O problema, entretanto, foi corrigido a tempo de a cerimônia ocorrer sem maiores transtornos.
“Acho que a última vez em que a presidente esteve aqui não estava tão avançado. O cenário que ela viu hoje (sexta-feira) é muito melhor”, disse Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro. “Aqui a gente introduz um novo conceito de arquitetura, que a gente chama de arquitetura nômade. São duas estruturas – esse estádio e o estádio de handebol – que foram construídas de forma simples, sem algo como o Ninho de Pássaro. Não há luxo ou exagero. A arena é parafusada, com ventilação natural. Depois, ambas serão desmontadas e reaproveitadas”, completou.
"Hoje nós estamos aqui entregando essa obra, que é uma obra fantástica. Uma das coisas que podemos atestar é que de fato sopra uma brisa aqui dentro. A ventilação é bastante adequada", afirmou Dilma.
"Já entregamos obras em Deodoro, entregamos as principais instalações e muito pouco falta para ser entregue. Todo o sistema de energia que a União ficou responsável também está entregue. Falta muito pouco para ser entregue", completou.
O Estádio Aquático Olímpico tem duas piscinas (uma de competição e outra de aquecimento), recebeu 3,7 milhões de litros de água e foi moldado com estruturas temporárias. O equipamento demandou investimento de R$ 225,3 milhões oriundos do governo federal (R$ 217,1 milhões para construção e R$ 8,2 milhões para manutenção).
A construção tem 18 mil assentos, e a configuração interna já motivou grande polêmica. Há quatro grandes pilares nas extremidades, e essas estruturas comprometem a visão de pelo menos 7,8% dos lugares, o que limitou a comercialização de ingressos e gerou reclamação da Fina (Federação internacional de esportes aquáticos).
Em abril, o aparato receberá os eventos-teste de natação (de 15 a 20, que servirá como última classificatória do Brasil para a Rio-2016) e polo aquático (de 25 a 29, com quatro países confirmados na disputa).
Depois dos Jogos Olímpicos, a estrutura do estádio aquático será transformada em dois ginásios aquáticos que poderão ser aproveitados pela prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda não há local previsto para a colocação desses novos equipamentos.