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Por ouro olímpico, Esquiva está disposto até a dar "passo atrás" no boxe

Mikey Williams / Top Rank

Fernando Notari

Do UOL, em São Paulo

Já com sinal verde da CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe), o pugilista capixaba Esquiva Falcão mira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, ainda que isso signifique, ele admite, dar “passo atrás” na própria carreira.

Para tanto, o lutador acompanha o desenrolar de medida proposta pela Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador), que, a fim de tornar o esporte mais atrativo na competição, poderá permitir a participação de profissionais – a decisão oficial deverá sair só no começo de junho, a apenas um mês do início dos Jogos.

“Quero participar, com certeza”, respondeu o capixaba, sem pensar duas vezes, em contato com o UOL Esporte. “É o meu sonho, é o sonho de qualquer atleta. Fiquei com gostinho de ouro em 2012. Seria muito legal, sei que tenho 100% de chance de conquista-lo”.

Esquiva representou o Brasil na última Olimpíada, em Londres, quando foi até a final e ficou com a medalha de prata na divisão dos médios (até 75 kg), depois de perder para o japonês Ryota Murata no combate decisivo. Deixou o boxe amador na sequência, e estreou como profissional em 2014, com vitória sobre Joshua Robertson.

Desde então, soma 12 triunfos (com 9 nocautes) em cartel invicto. No próximo sábado, enfrentará o norte-americano Joe McCreddy, de 31 anos, em Houston (EUA). “É uma luta importante, rival duro. No final de 2016 ou começo de 2017, quero estar no top-15 de alguma federação e desafiando um campeão”, projetou para o futuro.

Este plano, ele sabe, foi traçado desconsiderando a oportunidade de atuar na Rio-2016. “Acredito que participar da Olimpíada possa me atrapalhar um pouquinho. Ficaria uns dois meses focado nisso, teria de dar passo atrás para me readaptar. Se eu lutar como profissional, pensando em nocautear, não vai adiantar”, avaliou.

Logo depois de fazer tal consideração, o mais novo dos irmãos Falcão acrescentou: “Mas, se dependesse só de mim, com certeza aceitaria lutar no Rio de Janeiro”.

O que falta para Esquiva estar na Rio-2016?

Sergio Batarelli/Divulgação
imagem: Sergio Batarelli/Divulgação

A primeira ação parte da Aiba. Em assembleia geral com representantes das federações nacionais, a entidade decidirá se haverá flexibilização nas regras da modalidade ou não. “Tenho certeza absoluta de que será aprovada (a intenção da Associação)”, afirmou o presidente da CBBoxe, Mauro Silva. “Foi feita uma consulta às federações nacionais, e a proposta teve 75% de apoio. Não vão dar para trás”.

Depois, precisará ter sinal verde da própria CBBoxe, e isso ele já tem. “Nós somos a favor da medida. Inclusive, irei à assembleia e votarei a favor”, adiantou Mauro Silva. “Esquiva me ligou e demonstrou muito desejo de estar nos Jogos Olímpicos. Disse a ele que, se tem interesse, que acerte com os seus empresários. Nós vamos aceitar, ele está muito bem e tem um histórico espetacular”, completou o dirigente.

É justamente este o terceiro ponto a ser superado por Esquiva, a liberação dos que conduzem sua carreira. “Tenho uma equipe profissional (a Top Rank), que cuida da minha imagem, das minhas lutas. Primeiro vem a palavra deles. Eles concordando, estou à disposição. Meu agente está chegando a Las Vegas e verá se é bom para mim ou não. Estou prestes a disputar um título mundial. Dependerá se vale a pena. Eu acho que vale”.

Por fim, precisará finalmente fazer o que sabe de melhor: lutar. O baiano Pedro Lima, da divisão dos médios, a mesma de Esquiva, foi eliminado do Pré-Olímpico das Américas, em Buenos Aires, na segunda rodada. A CBBoxe sinaliza com possibilidade de escalar o medalhista de prata, se for permitido, para a próxima seletiva, no Pré-Olímpico Mundial, entre 7 e 19 de junho, no Azerbaijão.

No dia 10 de março, a CBBoxe divulgou lista de cinco convocados para a Rio-2016 no masculino: o mosca ligeiro Patrick Lourenço (49 kg), o mosca Julião Neto (52 kg), o galo Robenilson de Jesus (56 kg), o meio médio ligeiro Joedilson Teixeira (64 kg) e o meio pesado Michel Borges (81 kg). Além deles, Robson Conceição (60kg) já tem vaga.

Não há chance dos profissionais Yamaguchi Falcão e Éverton Lopes defenderem o país nos Jogos, já que foram chamados atletas para suas categorias (meio pesado e meio médio ligeiro, respectivamente). Ainda há espaço livre para Esquiva, contudo.

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