Brasileiro da Iaaf fala em resposta exemplar, mas torce por russos

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/CBAT

    Roberto Gesta de Melo é ex-presidente da CBAt

    Roberto Gesta de Melo é ex-presidente da CBAt

Por 22 votos a 1, a Rússia foi suspensa por tempo indeterminado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) após um grande escândalo de doping, e terá um longo caminho pela frente se quiser ter competidores nas provas de atletismo nos Jogos Olímpicos de 2016. Entre os que foram favoráveis à sanção está um brasileiro. Trata-se de Roberto Gesta de Melo , ex-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e membro do Conselho da entidade internacional.

Para Gesta, a Iaaf agiu com o rigor necessário para aplicar uma pena exemplar e passar uma mensagem clara a todas outras federações nacionais e atletas que pensem em fraudar resultados fazendo uso de doping.

"Demos uma resposta rápida e exemplar que serve para mandar uma mensagem a todo mundo. Temos de adotar tolerância zero com o doping, assim como ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani fez com os criminosos. Este é o maior escândalo em que nosso esporte esteve envolvido na história. Não havia uma outra alternativa", afirmou Gesta em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Apesar de ser favorável à política da "tolerância zero", Gesta torce por uma recuperação rápida da Rússia. O cartola, que representa a América do Sul, afirmou que a Olimpíada poderá perder muito de seu brilho sem a presença da Rússia. Em Londres-2012, os russos faturaram 17 medalhas, sendo oito de ouro.

"Acredito que os russos vão se esforçar ao máximo para colocar a casa em ordem e acabar com a punição. Isso é interesse dele e de todos envolvidos no esporte. Ninguém quer a Rússia fora. É ruim para os fãs. Mas agora, eles estão em uma corrida contra o tempo", afirmou o brasileiro.

Com a suspensão, os atletas russos estão impedidos de participar de qualquer competição internacional e seus resultados em torneios locais não serão validados pela Iaaf. Uma solução terá de ser dada antes de 11 de julho de 2016, quando se tem fim o prazo para a obtenção de índices para a Olimpíada.

Entre os dias 25 e 27 de março, a Iaaf terá a sua assembleia anual em Mônaco e o tema do doping da Rússia mais uma vez dominará a pauta. Na reunião extraordinária de sexta-feira, realizada por teleconferência, um dos pontos de discussão foi como não prejudicar atletas que não estão envolvidos com o escândalo de doping.

"O maior impasse que tivemos foi de o que fazer com os atletas que não têm nenhum tipo de envolvimento. Não é justo que sejam punidos. Este é o grande desafio que temos pela frente", contou Gesta.

O brasileiro afirmou que a votação para a sanção ou não  aos russos foi feita por e-mail após a teleconferência e que não sabe quem foi o membro que votou contra uma punição à federação russa (Araf).

Além do banimento, a Rússia perdeu o direito de sediar duas competições em 2016: o Campeonato Mundial por Equipes de Marcha Atlética, em Cheboksari, e o Mundial Júnior, em Kazan.

Agora, a Araf precisa aceitar voluntariamente a suspensão a fim de evitar que a Iaaf aumente ainda mais a suspensão. Além disso, terá de cumprir com uma série de requisitos para ganhar novamente sua credencial. Um grupo de inspeção será nomeado nos próximos dias pela Iaaf para acompanhar o processo.

"O objetivo é fazer com que a Rússia agilize suas ações", disse Gesta.

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