Em dia de tragédia com avião, Mundial tem 3 ouros russos e empate quádruplo
No mesmo dia em que um avião russo caiu no Egito, matando 224 pessoas entre passageiros e tripulantes, o país teve uma pequena boa notícia longe dali, em Glasgow (Escócia). Maria Paseka ignorou o favoritismo da multicampeã Simone Biles e conquistou a medalha de ouro na prova de salto, deixando a norte-americana para trás na final do aparelho no Mundial de ginástica artística. Mais tarde, numa prova bastante inusitada de barras assimétricas, Vitkoriia Komova e Daria Spiridonova trouxeram mais dois ouros para a Rússia, num incrível empate quádruplo pelo primeiro lugar.
Blindadas pelo técnico, nenhuma das russas falou sobre a tragédia deste sábado. Todas, porém, traziam no agasalho uma faixa preta de luto pelas vítimas do acidente.
Biles bateu duas vezes na trave em provas de salto, ficando com a medalha de prata nos Mundiais de 2013-Antuérpia e Nanning-2014. Neste sábado, sua grande rival era a norte-coreana Um Jong Hong, campeã no ano passado e bronze em 2013. Mas então Paseka fez dois saltos ótimos e desbancou as duas favoritas com 15,666 pontos. No pódio, a russa não evitou as lágrimas durante a execução do hino nacional.
Desta vez, Biles não conseguiu sequer a prata. Após fazer uma nota alta no primeiro salto, executou um voo de dificuldade bem mais baixa do que os das adversárias na segunda tentativa e ficou com média 15,541. Jong levou o bronze com 15,633.
Mas a prova que chamou mais atenção foi a de barras assimétricas, com um incrível e inédito ouro dividido entre quatro atletas. O público parecia não acreditar quando, uma atrás da outra, em apresentações consecutivas, a chinesa Yilin Fan, as russas Viktoriia Komova e Daria Spiridonova e a norte-americana Madison Kocian tiravam a mesma nota: 15,366 pontos.
Ainda neste sábado, o novo queridinho do público em Glasgow, o cubano Manrique Larduet, colocou sua fama à prova pela primeira vez um dia depois de conquistar uma inesperada prata no individual geral. Mas na final do solo, que não é seu melhor aparelho, foi apenas o oitavo e último colocado. O ouro ficou com o japonês Kenzo Shirai.
No cavalo com alças, para delírio do público na Hydro arena, os britânicos Max Whitlock e Louis Smith fizeram a dobradinha. E nas argolas, sem o campeão olímpico Arthur Zanetti, o grego Elefhterios Petrounias levou o ouro.
Cinco finais fecham o Mundial no domingo: salto masculino, trave, paralelas, solo feminino e barra fixa.
SOLO MASCULINO (Kenzo Shirai)
Após conquistar a prata no individual geral na sexta-feira, o cubano Manrique Larduet foi um dos atletas mais festejados pelo público ao subir ao tablado neste sábado. Na prova de solo, porém, o ginasta não foi tão bem, cravando apenas a última passada, e ficou na oitava posição (lembrando que seus melhores aparelhos são os das finais de amanhã). Na briga pelo ouro, o japonês Kenzo Shirai confirmou o favoritismo e conquistou o título com exagerados 16,233 pontos, um ano após ser vice-campeão. A prata ficou com o ginasta da casa, Max Whitlock, com também altos 15,566. Rayderley Zapata garantiu o bronze com uma prova rica em acrobacias (15,200) e faturou a primeira medalha da Espanha nesse Mundial.
SALTO FEMININO (Maria Paseka)
Na primeira final por aparelhos com Simone Biles em Glasgow, a expectativa era se ela conseguiria finalmente conquistar o tão almejado ouro no salto que não veio nos últimos dois Mundiais (prata em 2013 e em 2014). Não deu de novo. A russa Maria Paseka surpreendeu com dois ótimos sonhos, ficou com 15,666 pontos e se sagrou campeã deixando para trás Biles, que teve de se contentar com o bronze (15,541). Atual detentora do título, a norte-coreana Um Jong Hong levou a prata dessa vez com 15,633.
CAVALO COM ALÇAS (Max Whitlock)
O terceiro aparelho deste sábado provocou êxtase puro no público da Hydro Arena. Para felicidade geral, Max Whitlock (16,133) e Louis Smith (16,033) fizeram a esperada dobradinha do Reino Unido no cavalo com alças, aparelho do qual são medalhistas olímpicos. O evento também teve uma particularidade. Dois ginastas empataram com 15,500 pontos e conquistaram o bronze: o armênio Harutyun Merdinyan e o japonês Kaya Kazuma.
BARRAS ASSIMÉTRICAS (Fan Yilin, Viktoriia Komova, Madison Kocian e Daria Spiridonova)
Quando o empate duplo do cavalo com alças já parecia muita coincidência, a final de assimétricas veio com uma surpresa muito maior: um empate quádruplo. A chinesa Fan Yilin, as russas Viktoriia Komova e Daria Spiridonova e a norte-americana Madison Kocian tiraram exatamente a mesma nota, 15,366, e dividiram o ouro. Assim, curiosamente ninguém ficou com as medalhas de prata e bronze, num pódio bem inusitado com quatro pessoas no mesmo lugar e nenhuma nos outros dois
ARGOLAS (Eleftherios Petrounias)
Sem a presença do campeão olímpico Arthur Zanetti, que não se classificou, a final das argolas serviu para ver que o brasileiro terá vida dura nos Jogos do Rio-2016 pelo bicampeonato. Campeão mundial no ano passado à frente de Zanetti, o chinês Liu Yang ficou ‘só’ com o bronze neste ano (15,700) e fez cara de quem não gostou. O compatriota You Hao, bronze em 2014, subiu uma posição e dessa vez ficou com a prata (15,733). O ouro foi para o grego Eleftherios Petrounias (15,800), já apontado pelo próprio Zanetti como um dos rivais mais duros na briga pelo título olímpico no ano que vem.
*Atualizada às 14h35