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Desconhecido ginasta cubano causa rebuliço após prata: 'de onde ele vem?'

Paula Almeida

Do UOL, em Glasgow (ESC)*

Na última segunda-feira, apenas dois jornalistas quiseram conversar com Manrique Larduet na zona mista da Hydro arena, em Glasgow. Ele havia ficado em sétimo lugar geral nas eliminatórias do Mundial de ginástica artística, havia avançado a quatro finais (o maior número entre os homens), mas não levantava muito interesse. A situação mudou na sexta. O vice-campeonato individual geral atrás apenas do rei japonês Kohei Uchimura fez o cubano ser um dos mais assediados pela imprensa. Lá e nas redes sociais, todos queriam saber de onde surgiu esse fenômeno que nenhum apostador poderia prever.

“Uau, em nem sabia que Cuba tinha ginastas”, “tem alguma coisa que o Larduet não faça bem?”, “o que não amar nesse cubano?”, "de onde ele vem?" e até declarações de amor foram alguns dos posts que fizeram o nome de Larduet ser um dos mais citados do Twitter e um dos mais procurados do Google na tarde de sexta-feira.

Larduet falou com os jornalistas com a mesma serenidade de quem sai mais um dia para trabalhar. Com certa timidez, exaltava nas respostas o orgulho que trouxe ao seu país e o desejo de fazer história nos Jogos do Rio-2016.

“Queremos que a ginástica de Cuba volte a ser boa novamente. Não disputávamos um Mundial desde 2003, então voltar e já ganhar uma medalha de prata é maravilhoso”, afirmou o ginasta, que leva à ilha a primeira medalha individual geral, apenas a terceira da ginástica (em 2001, Charles Tamayo foi bronze no salto e o legendário Eric Lopez, prata nas paralelas).

Larduet, que pratica ginástica desde os 5 anos e hoje vive longe da família, já havia brilhado nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, quando conquistou quatro medalhas e ficou com a prata numa polêmica decisão dos árbitros, já que ele liderava até o último aparelho até tirar uma nota mais baixa do que o norte-americano Sam Mikulak. Mas nem o sucesso na competição continental o fez imaginar que subiria ao pódio em uma prova mundial tão importante em tão pouco tempo.

“Depois dos Jogos Pan-Americanos, nós voltamos para Cuba e treinamos forte, e muito, para nos preparar”, disse o ginasta de 19 anos, que com a prata em Glasgow garantiu vaga direta na Rio-2016. “Nunca pensei que chegaria nessa posição. Sempre foi um sonho meu de infância, e eu também quero ser o primeiro ginasta cubano a conquistar uma medalha olímpica. Vou começar a trabalhar desde já”.

A calma e o jeito até um pouco blasé de Larduet, que durante as provas sempre parece muito tranquilo – “confio 100% nos meus treinamentos”, ele explica –, só saem do tom em um momento, quanto ele fala do agora rival Kohei Uchimura.

“Eu sempre assistia às apresentações dele por vídeo, então é um orgulho muito grande poder competir com ele agora. É muito bom ter um ginasta tão bom quanto ele nessa competição”, elogia o cubano.

Para o UOL Esporte, na última segunda-feira, Larduet falou que daria uma segunda reboladinha no Mundial de Glasgow, após a brincadeira feita durante o Pan. Não aconteceu na final individual geral, e ele revelou por quê.

“Ah, não dava, era uma competição muito importante, não podia arriscar”, falou ele, com um sorriso no rosto. Ainda dá tempo. Após ficar apenas em oitavo neste sábado no solo, ele estará nas finais de seus melhores aparelhos no domingo: barra fixa e paralelas.

*Atualizada às 12h05

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