Diego Hypolito vira titular e vai bem, mas Brasil termina Mundial em oitavo
Depois de garantir a classificação olímpica na última segunda-feira, não restavam objetivos maiores à equipe masculina do Brasil no Mundial de ginástica artística em Glasgow, mas a seleção entrou embalada na final desta quarta-feira à espera de um resultado melhor do que o do ano passado, quando terminou o campeonato em Nanning na sexta colocação. Não deu, mas a seleção ao menos teve uma boa notícia com Diego Hypolito. Promovido a titular às pressas por conta da lesão de Péricles Silva, o veterano deu ótima contribuição no solo e mostrou que ainda pode brilhar.
"Final é inédito, algo que a gente não esperava. Estou muito contente de ter ajudado a equipe. Me sinto muito honrado. Agora com a vaga muda porque posso treinar mais solo e salto e trabalhar o máximo para que a gente possa estar bem nas Olimpíadas”, disse Diego Hypolito ao Sportv.
Bicampeão mundial no solo, Diego foi a Glasgow como reserva por opção da comissão técnica, que escalou ginastas mais generalistas para buscar a vaga olímpica para a equipe. Com a presença em 2016 garantida e o resultado no solo, o ginasta volta a se animar por um bom resultado competindo no Rio de Janeiro.
O Brasil como um todo, porém, não foi tão bem nesta quarta. A equipe piorou suas notas em quase todos os aparelhos em relação à fase eliminatória e teve de se contentar com a última colocação (259,577). Apesar da boa atuação de Diego no solo, a média da equipe ficou baixa no salto e comprometeu o resultado final. As quedas de Caio Souza nas paralelas e de Francisco no cavalo com alças e na barra fixa, repetindo o que já havia acontecido na primeira fase, também foram determinantes para o resultado insatisfatório. Arthur Nory novamente foi o mais regular do time, e Arthur Zanetti disputou apenas as argolas. Ainda assim, o time saiu satisfeito, já que o objetivo principal em Glasgow, a classificação para a Rio-2016, foi alcançado.
"Eu vi que sempre que tinha falhas, o pessoal ficava triste. Eu dizia ‘gente, não tem que ficar triste, é uma classificação olímpica’. É a primeira vez que a gente consegue se classificar para as Olimpíadas. Antigamente a gente via as meninas e dizia ‘nossa, será que um dia a gente consegue’. E nós conseguimos a classificação olímpica inédita, é um sonho realizado. Aqui era para curtir. Óbvio que era uma prova já simulando uma Olimpíada, mas o grande objetivo era a classificação", afirmou Diego Hypolito.
Na parte de cima, o Japão liderou toda a prova e, apesar de uma queda de seu grande astro, Kohei Uchimura, no aparelho final, conseguiu se sagrar campeão após 37 anos com 270,812 pontos. Na disputa pela medalha de ouro, o Japão repetiu a atuação de gala das eliminatórias e voltou a vencer a competição masculina por equipes repetindo feito de 1978. Mas não foi fácil. Estados Unidos e Reino Unido ameaçaram durante toda a prova, e uma queda de Uchimura na barra fixa quase colocou tudo a perder. Ainda assim, os japoneses garantiram o título à frente dos britânicos (270,345) por menos de meio ponto.
Os Estados Unidos, que chegaram a brigar pelo ouro, foram mal em seu último aparelho, o cavalo com alças, e terminaram apenas na quinta colocação, atrás da Rússia. A China, que quase não ameaçou durante a prova, teve recuperação incrível nos aparelhos finais e garantiu o bronze com 269,959. Acabou sendo um terceiro lugar com gosto de vitória, embora os chineses tenham perdido um reinado de sete títulos consecutivos.
Primeira rotação: Brasil no salto (44,316)
O Brasil não teve um bom início de competição nesta quarta. Apesar de começar no aparelho que oferece as maiores notas, a equipe piorou em relação às eliminatórias no salto e ficou mais de um ponto abaixo do que havia feito no mesmo aparelho no Mundial do ano passado. Diego (14,716), Caio (14,900) e Nory (14,700) somaram 44,316 pontos. Na mesma rotação, o Japão contou com séries impecáveis de Kohei Uchimura e Kenzo Shirai no solo (47,258) para abrir vantagem. No seu melhor aparelho, o cavalo com alças, o Reino Unido teve grandes notas para os medalhistas olímpicos Lous Smith e Max Whitlock, mas Brinn Bevan não foi bem e a média ficou aquém das expectativas (44,999). Sorte que a Rússia, também no cavalo, foi ainda pior (43,600).
Segunda rotação: Brasil nas paralelas (42,932)
A segunda rotação foi desastrosa para as primeiras seleções a se apresentarem. Um suíço caiu no salto, um sul-coreano sofreu vários desequilíbrios nas paralelas, um russo não cumpriu requisitos de sua série nas argolas e a China teve quedas e foi muito mal no cavalo. No salto, uma queda colocou a nota dos Estados Unidos para baixo, e o Japão disparou comandado por Uchimura no cavalo. O Brasil começou bem com Lucas (14,600) e Francisco (14,966), mas Caio sofreu uma queda, tal como já tinha acontecido nas eliminatórias, e ficou com 13,366.
Terceira rotação: Brasil barra fixa (43,532)
Francisco viveu na barra fixa o mesmo pesadelo das eliminatórias, caindo em seu melhor aparelho (13,700). Lucas fez boa série, mas tirou nota inferior à da fase qualificatória (14,666). Para fechar, Nory foi quase tão bem quanto na primeira fase (15,166), mas o Brasil encerrou a primeira metade da competição na sexta colocação. A China partiu para seu melhor aparelho e conseguiu somar mais do que o Japão nas argolas, mas enquanto isso, o Reino Unido fazia a maior soma do salto e os Estados Unidos, das paralelas, deixando os chineses e os russos para trás.
Quarta rotação: Brasil no solo (44,666)
Embalada pelas boas atuações nas argolas, a China empolgou no salto e voltou à briga por medalhas na final. Rival do Brasil, a Coreia do Sul sofreu uma queda e se complicou no salto. Entre os primeiros colocados, os Estados Unidos deram show na barra fixa e colaram de vez no Japão, enquanto a Rússia se saiu melhor do que o Reino Unido nas paralelas e passou o rival. Para o Brasil, a rotação foi ótima. Caio se recuperou com uma boa série no solo (14,700). Nory também foi bem, apesar de um passo para fora do tablado (14,733). Mas o destaque foi Diego Hypolito, que mostrou a velha boa forma e brilhou no aparelho do qual é bicampeão mundial (15,233). Foi o suficiente para o Brasil ultrapassar Coreia do Sul e Suíça.
Quinta rotação: Brasil no cavalo com alças (39,432)
A quinta rotação se mostrou desastrosa para o Brasil. Francisco sofreu uma queda no cavalo com alças e tirou a nota mais baixa da final (11,100). Lucas foi regular (13,866), e apesar da boa série de Nory (14,466), a equipe não somou sequer 40 pontos, caindo novamente para a última colocação. Na disputa pelo ouro, o Japão ganhou uma sobrevida mais uma vez graças a Uchimura, que chegou perto dos 16 pontos nas paralelas. Os Estados Unidos, bem no solo, estacionaram na vice-liderança e viram a China ressurgir fazendo paralelas perfeitas e ultrapassando o Reino Unido na terceira colocação.
Sexta rotação: Brasil nas argolas (44,699)
A Rússia abriu a rotação com boas apresentações razoáveis no solo e conseguiu ultrapassar os Estados Unidos, que não foram bem no cavalo com alças. A China brilhou na barra fixa e colocou pressão em Japão e Reino Unido, mas os britânicos, empurrados por sua barulhenta torcida, deram show no solo e asseguraram a prata. Coube a Kohei Uchimura garantir o ouro japonês, mas com uma queda, ou seja, com emoção. Nas argolas, Caio e Lucas fizeram boas apresentações para o Brasil, e Zanetti encerrou a participação brasileira com nota melhor do que a das eliminatórias (15,533).