Até finalistas lamentam ausência de Zanetti. Mas calma, não é uma tragédia
A equipe masculina obteve uma classificação olímpica histórica no Mundial de ginástica artística em Glasgow na última segunda-feira, mas no mesmo dia, sofreu um baque: Arthur Zanetti ficou fora da final das argolas. Não foi coincidência. O ginasta e a comissão técnica priorizaram a disputa coletiva, que se alcançada, também representaria um lugar para ele nos Jogos do Rio 2016. E apesar de a força demonstrada pelos adversários ligar um sinal de alerta para o campeão olímpico, o resultado negativo não assusta tanto para a Olimpíada.
Desde que chegou a Glasgow, e mesmo antes, nos treinos e na fase de aclimatação na Europa, Zanetti sempre reiterou que seu principal objetivo no Mundial era ajudar a equipe a se classificar para o Rio. Finais individuais, tanto para ele quanto para outros nomes da equipe, deveriam ficar em segundo plano. Eram até assunto vetado nas entrevistas.
De olho nas notas coletivas, o campeão das argolas intensificou seus treinos nos outros dois aparelhos que disputou em Glasgow. “A intensidade de solo e salto que eu consegui fazer foi muito maior do que nos outros anos pelo fato de conseguir essa vaga para as Olimpíadas”, explicou Zanetti ao UOL Esporte, aparentando tranquilidade mesmo fora da final em sua especialidade. “O objetivo primordial era essa vaga olímpica, e por ter conseguido, pra mim o dever já está cumprido, e com certeza a equipe toda vai sair muito feliz”.
Uma série abaixo das expectativas
Naturalmente, a melhor nota do brasileiro nas eliminatórias foi das argolas, 15,433 pontos, mas Zanetti apresentou mais falhas do que nas últimas grandes competições que disputou. E para seu azar, pegou uma banca de jurados bastante rigorosos, que não deixaram passar nada.
“Os árbitros estão muito mais detalhistas do que antigamente. Porque antes estava ficando todo mundo muito próximo, então eles precisam mudar isso. E o que eles pegaram foi nessa parte de descontos. Então eles vão ser rigorosos em todos os aparelhos, com todo mundo”.
A ‘sujeira’ apresentada na série do último domingo pode ser perfeitamente limpa por Zanetti e seus treinadores nos treinos rumo aos Jogos Olímpicos. Para o Rio, a preocupação passa a ser os adversários do momento. Se em Londres-2012 o único grande rival era o chinês Ybing Chen, agora as argolas contam com pelo menos seis fortes aspirantes ao ouro além do brasileiro.
O grupo dos 6: os rivais pelo bi olímpico
“Tem os dois chineses que a gente já conhece do Mundial do ano passado e são ótimos ginastas. Tem o grego, que como eu sempre falei em todas as entrevistas que China e Grécia eram os principais adversários e é o que está tendo pelo menos até agora no momento. Eu sabia que o armênio era provavelmente mais um que estaria na final, porque é um especialista de argolas. São atletas que a gente conhece e sabe o potencial deles”, elencou Zanetti citando Yang Liu, Hao You, Eleftherios Petrounias e Davtyan Vahagn.
Mas não para por aí. O francês Samir Ait Said e sobretudo o norte-americano Brendon Wynn oferecem grande risco. Além do veterano Lambertus Van Gelder, que aos 32 anos recuperou a boa forma que já lhe deu três medalhas em Mundiais e outras três em Europeus.
Inimigos? Adversários lamentam Zanetti fora
O holandês, inclusive, lamentou bastante a ausência de Zanetti na final em Glasgow. “Eu fico triste, porque numa final de Campeonato Mundial, nós temos que ter os melhores ginastas do mundo, e o Arthur é o melhor do mundo, um dos melhores. Uma final sem ele é diferente. Então só posso dizer que eu sinto muito por ele. Mas por outro lado, não tem problema, porque no ano que vem tem Jogos Olímpicos, e ele vai”, afirmou Van Gelder ao UOL Esporte. “Eu conheço bem o Arthur, temos a mesma altura, quase o mesmo corpo, então eu o vejo como se fosse meu irmãozinho. É engraçado. Ele é muito forte, tem elementos certeiros e é um excelente ginasta”.
Assim como Van Gelder, Brendon Wynn se disse chateado por Zanetti, mas concordou que foi apenas uma eventualidade. “Arthur Zanetti é um grande atleta, um cara incrível e faz tudo muito bem. Infelizmente ele está fora da final, mas desejo a ele muita sorte e uma ótima preparação. Ele é o cara a ser batido no Rio. Ele não está na final agora, mas nunca está fora do páreo, porque é um atleta incrível”.
Para quem acha que houve um exagero ou pura política nas respostas de Wynn e Van Gelder, vale ver o que Samir Ait Said falou aos jornalistas na saída das eliminatórias. “Estou muito satisfeito com a minha série de argolas. Consegui superar o campeão olímpico”.