Grego vence crise do país, lesão e morte do pai e vira rival nº1 de Zanetti
Uma lesão de última hora, a concorrência de grandes adversários e, principalmente, a dor pela morte recente do pai. Foi contra tudo isso que o grego Eleftherios Petrounias precisou lutar quando subiu nas argolas no último sábado, no primeiro dia de finais por aparelhos do Mundial de ginástica artística em Glasgow. Desceu do aparelho com quilos de peso a menos nas costas. Tornou-se campeão do mundo e virou de vez uma ameaça ao bicampeonato olímpico de Arthur Zanetti.
Nascidos no mesmo ano, o grego e o brasileiro agora são, ao lado dos chineses Liu Yang e You Hao, os grandes candidatos ao ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Lidar com a pressão ele já sabe.
“Eu estava um pouco tenso, porque me classifiquei em primeiro lugar, e não sabia se eu conseguiria repetir a mesma série. Nas últimas semanas eu tive alguns problemas, mas consegui superar e agora estou muito satisfeito e orgulhoso dessa medalha”, afirmou Petrounias após o título em Glasgow.
Os problemas das últimas semanas não foram quaisquer. Além de sofrer uma lesão de última hora no punho e só ter certeza de que poderia competir na véspera do Mundial, Petrounias perdeu o pai. Aos 25 anos, na mesma temporada em que já havia conquistado a medalha de ouro no Europeu de ginástica, em Montpellier (França), e nos Jogos Europeus, em Baku (Azerbaijão), ele preferiu não se entregar.
“Tem duas opções. Ou você desiste e se deixa cair, ou você pode seguir em frente pela honra do seu pai. Essa é a minha opinião. Acredito que ele esteja me assistindo e que esteja muito orgulhoso”, afirmou o grego.
Enfrentar dificuldades, aliás, não é um problema para Petrounias. Além dos problemas físicos e pessoais, o grego ainda tem que se virar para não sucumbir à forte crise econômica de seu país. Para isso, contou com a ajuda do presidente do Comitê Olímpico Grego, Spyros Capralos. Não para bancar suas despesas, mas sim para encontrar quem bancasse.
“[A crise] afeta, porque nós temos muitos problemas na Grécia. Mas felizmente eu tenho um patrocinador que resolve todos os meus problemas. Eles são meus amigos, são meus parceiros, são minha família, eles fazem muita coisa por mim, temos uma ótima relação”, comentou Petrounias.
“O presidente do Comitê criou um programa chamado ‘Adote Um Atleta no Caminho para o Rio’. Então eles me adotaram. E isso é ótimo, porque essa adoção foi total. A federação apoia, mas quando uma federação não tem a devida atenção do governo, ela não pode te ajudar muito. Mas por ser um ano olímpico, acho que terão que fazer alguma coisa. O esporte, em geral, é a imagem de um país. Então eles têm que dar mais atenção a todos os esportes na Grécia, não só futebol ou basquete”.
Com o título mundial e os dois continentais desse ano, Petrounias sabe que é um dos nomes a serem batidos no ano que vem no Rio. Mas prefere manter os pés no chão ao falar sobre a possibilidade de ser campeão olímpico, ainda mais numa disputa contra Arthur Zanetti, ainda que o brasileiro não tenha avançado à final na Escócia.
“No Brasil, eu espero fazer finais com ginastas como o Zanetti. Nós não estivemos juntos aqui [na final], mas tenho certeza de que no ano que vem estaremos juntos. Ele é muito forte. Acho que Zanetti e os chineses são os mais fortes do mundo nas argolas. Então eu tenho que me concentrar, e quem for melhor na final vai vencer”, afirmou.
“Eu não posso dizer isso [que é melhor do que Zanetti]. Agora eu tenho o ouro. No ano que vem, pode ser a mesma coisa ou não. Vai depender de como as coisas acontecerem durante o ano. Se eu tiver uma boa preparação durante o ano, por que não? Mas se eu cometer erros na final, aí talvez não. Tudo é possível”.