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Fabiana Murer pode transformar a prata de Pequim em ouro na Rio-2016?

Do UOL, em São Paulo

Fabiana Murer conquistou nesta quarta-feira a medalha de prata no salto com vara do Campeonato Mundial de Pequim. Tão expressivo quanto o vice-campeonato foi a marca que a levou a isso. Os 4,85m são um recorde para a brasileira: com ela, Fabiana é a quinta melhor da história na prova. Mas isso é o bastante para que a prata chinesa se torne ouro no sol do Rio de Janeiro, nas Olimpíadas de 2016?

A resposta não é assim tão simples. Olhe, primeiro, para a brasileira. Fabiana chegará aos Jogos do Rio com 35 anos. Já disse que é sua despedida olímpica. Em toda a sua carreira, os 4,85m foram o seu máximo. Ela conseguiu a marca apenas três vezes. Mas duas delas em finais de campeonato mundial. Existe espaço para melhorar?

Vitaly Petrov, o ucraniano responsável pelos recordes mundiais de Sergey Bubka e Yelena Isinbaeva, achava que sim. Guru do técnico de Fabiana, Elson Miranda, o europeu dizia que a brasileira precisava de uma mudança de técnica. Incluindo um período de adaptação. Fabiana não quis. “Não posso fazer grandes mudanças. Estou no fim da minha carreira (se aposentará após a Olimpíada de 2016) e, se estas mudanças não dessem certo, eu teria de me readaptar ao estilo antigo e isso levaria mais um tempo ”, falou Fabiana, quando anunciou o fim da parceria com Petrov, no início do ano.

Agora, analise as rivais. Nos últimos dez anos, apenas duas vezes a melhor marca da temporada ficou abaixo dos 4,85m. Em 2012, quando a líder do ano foi a norte-americana Jennifer Suhr, com 4,83m. E no ano passado, quando a própria Fabiana foi a melhor da temporada, com 4,80.

Além disso, a campeã mundial em Pequim, a cubana Yarisley Silva, está em franca ascensão. Aos 28 anos, ela passou a barreira dos 4,85m nesta temporada, quando saltou 4,91m em um meeting na Alemanha. No Mundial, venceu com um centímetro a menos.

Jennifer Suhr, apesar do quarto lugar no Ninho do Pássaro com apenas 4,70m, também não pode ser descartada. Mesmo sem superar os 4,85m desde 2013 e falhando no Pan de Toronto e no Mundial, em confronto direto com Yarisley e Fabiana, ela é uma das duas únicas mulheres em todos os tempos que já passou dos cinco metros. Em 2013, em um meeting indoor nos EUA, ela marcou 5,02m.

A grega Nikoleta Kyriakopoulou e a russa Yelena Isinbaeva também são fatores para levar em conta. A primeira, bronze em Pequim, melhorou em 11cm seu recorde pessoal em 2015, passando de 4,72m para 4,83m. Já a segunda, maior nome da história da prova, acabou de ter um filho, mas quer voltar a competir para os Jogos do Rio. Se conseguir, ninguém duvida que ela seja favorita ao ouro, com 33 saltos acima dos 4,85m de Murer na carreira.

Tudo isso, porém, não quer dizer que o ouro seja impossível para a brasileira. Não é. A confiança que Murer demonstrou em Pequim mostrou que ela está no melhor de sua forma. E que pode, no Rio de Janeiro, quebrar a maldição que parece a acompanhar em Olimpíadas (em 2008, perdeu a vara e, em 2012, teve problemas com o vento). Mais do que isso: decisões de alto nível como a do Mundial de Pequim, em que a brasileira igualou seu recorde pessoal e a cubana ficou a apenas um centímetro do melhor da sua carreira, são raras. Olhe a final de Londres-2012: o ouro de Jennifer Suhr veio com apenas 4,75m. E ainda existe o fator Engenhão: “Eu gosto de saltar lá. Em 2007, a torcida ajudou muito”, diz Fabiana.

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