Técnico mira 1ª medalha olímpica de Isaquias e elogia: "corre muitíssimo"
Neste sábado (22), no Campeonato Mundial de Canoagem de Milão, o baiano Isaquias Queiroz levou o bronze na prova C-1 200m e conquistou sua 5ª medalha em mundiais em apenas quatro anos de carreira. E ascensão fulminante do brasileiro como um dos maiores canoístas do mundo ganhou um impulso maior ainda nos últimos dois anos: Jesus 'Suso' Morlán, técnico espanhol com maior número de medalhas olímpicas de seu país natal.
Ao longo de 18 anos, Morlán foi o técnico responsável pela carreira de um dos canoístas de maior sucesso na Espanha: David Cal, dono de cinco medalhas olímpicas (um ouro e quatro pratas, entre 2004 e 2012). Cal chegou a se mudar para o Brasil em 2013, quando Morlán foi contratado pelo COB para garimpar medalhistas, mas se aposentou em junho de 2015, dizendo-se desmotivado para competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Por isso, por enquanto, é impossível para Morlán evitar comparações entre seus dois pupilos. "David tinha equilíbrio, paz interior, calma – tudo que Isaquias, por enquanto, não tem. O brasileiro é um talento, corre muitíssimo. Vi coisas nele que nunca vi em David e vice-versa. Mas é uma comparação viciada. Isaquias ainda é candidato a ganhar sua primeira medalha", disse o técnico espanhol, em entrevista ao jornal esportivo espanhol Marca.
Morlán destacou ainda características do brasileiro, de apenas 21 anos. "Ele é muito rápido, tem uma sensibilidade muito boa. É imbatível nos 500 m", disse o técnico. "Mas David dava segurança, e o brasileiro tem que chegar a este nível. A infalibilidade de David é impressionante, por isso David é famoso no mundo da canoagem e é tão grande."
Desde que Jesus Morlán chegou ao Brasil em 2013, Isaquiaz Queiroz passou a se destacar nas principais competições internacionais. Foram duas medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais de canoagem (ambas na categoria C1 de 500 m) e duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto (Canadá). Para o treinador, deixar a Espanha foi proveitoso para "romper a monotonia, variar o treinamento".
"Foi uma adaptação muito boa. Eu trabalho para o Comitê Olímpico do Brasil. Fui um dos treinadores estrangeiros que o comitê contratou para os Jogos Olímpicos nas modalidades que entenderam ter mais chances de ganhar medalhas em 2016 e que não contavam com técnicos necessários", explicou.
"Neste sentido, tenho um pouco mais de liberdade nas decisões. A ideia era preparar atletas. Eles entendiam que havia meninos no Brasil com capacidade suficiente. Cheguei em abril de 2013, e em agosto, Isaquias já tinha um bronze (categoria C1 1000) e um ouro (C1 500) no Campeonato Mundial (de Duisburg, Alemanha, naquele ano). Mas não tive nada nisso: fui o treinador, ele tem o talento. Tive apenas que colocá-lo para competir, das umas instruções de treinamento, e sua tendência natural é correr muito. Falta apenas consolidar este favoritismo e conquistar sua primeira medalha para a canoagem brasileira", completou.