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Vento antecipa fim de teste olímpico e preocupa remadores para Rio-2016

Salvador Scofano/Divulgação
Remadores júnior testam raias da Lagoa Rodrigo de Freitas para Rio-2016 imagem: Salvador Scofano/Divulgação

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O encerramento do evento-teste de remo da Olimpíada de 2016 foi antecipado em um dia. As finais do Campeonato Mundial Júnior da modalidade, que estavam marcadas para domingo (9), agora acontecerão no sábado (8). O motivo? A previsão do tempo. Mais especificamente, a previsão de ventos na área da Lagoa Rodrigo de Freitas, local das competições.

Essa razão até parece uma banalidade, mas não é. Baseado em previsões meteorológicas, o Comitê Executivo da Fisa (Federação Internacional de Remo) decidiu mudar o calendário do campeonato que serve de teste olímpico logo em seu primeiro dia, quarta-feira (5). O vento em área de competições pode causar problemas nas remadas e até virar barcos.

Desde o início do torneio na Lagoa, aliás, os ventos preocupam a Fisa e os remadores. Atletas têm reclamado muito das marolas no espelho d’água causadas pelo fator meteorológico. Alguns, inclusive, afirmaram que isso pode ser um grande problema para a realização de competições olímpicas daqui um ano.

“Está muito difícil de remar. Acho que eles realmente deveriam se preocupar com isso para a Rio-2016”, disse a norueguesa Aasta Gran Andreassen, 18 anos. “A estrutura do estádio de remo é boa; a poluição é um problema menos grave; agora, o vento é realmente ruim. Posso dizer que é o pior lugar no qual já remei.”

O técnico da equipe chilena, Manuel Bienvenido, não é tão crítico com Aasta. Mesmo assim, ratificou que o vento é um problema do evento-teste da Rio-2016. Segundo ele, se a meteorologia não ajudar durante a Olimpíada, as regatas olímpicas podem ser prejudicadas. “Um vento forte pode decidir uma medalha”, alertou. “Imagine uma situação desta.”

Até a brasileira Isabelle Falcks Camargo, que treina diariamente na Lagoa Rodrigo de Freitas, reclamou do vento. “A gente está um pouco acostumado, mas não é fácil remar assim”, afirmou. “Pode enforcar [travar] o remo e até virar o barco.”

Atletas e técnicos disseram que, para a Olimpíada, a promessa é que sejam instaladas no espelho d’água da Lagoa algumas estruturas temporárias para barrar rajadas de ventos que vêm do mar. O Comitê Rio-2016 pensa, inclusive, em construir uma arquibancada temporária dentro da Lagoa, o que ajudaria a reduzir o efeito do vento. A obra é polêmica e seu projeto está sendo acompanhado pelo Ministério Público.

Evento-teste “major”

O Campeonato Mundial Júnior de Remo é um dos principais eventos-teste da Olimpíada de 2016. Ele é classificado pelo Comitê Organizador Rio-2016 como um evento “major”, no qual mais área de trabalho são testadas. Cerca de 500 voluntários e 130 funcionários do comitê trabalham na Lagoa.

O campeonato reúne 563 atletas com até 18 anos, vindos de 54 países. Há disputas com 13 classes de barcos em disputa, apenas um a menos do que nos Jogos Olímpicos. O Brasil está representado por seis barcos –quatro no torneio masculino e dois no feminino.

No evento-teste, há inclusive venda de ingressos. A arquibancada fixa do Estádio de Remo da Lagoa tem 1.300 lugares e ficou bem ocupada na sexta-feira (7).

A norueguesa Ruth Gran está no Rio de Janeiro pela primeira vez por causa do torneio de remo. Ela aprovou o evento-teste da Olimpíada. Só reclamou da poluição da Lagoa. “Às vezes, cheira mal. Mas a paisagem é linda”, disse ela.

O espanhol Antonio veio acompanhar seu filho remador. Também gostou do evento-teste. Disse que a estrutura e a organização são profissionais.

Investimentos

Visando à Olimpíada de 2016, o estádio de remo ganhou uma nova torre de chegada e uma reforma das garagens para os barcos, além de raias e torres de cronometragem e novas estruturas flutuantes. O governo do Rio de Janeiro gastou R$ 14 milhões na reforma. O Comitê Rio-2016 pagou pelos novos decks. 

Para fixar as raias de competição e cronometragem, foram implantados 71 suportes metálicos submersos. Feitas sob medida, de forma a minimizar o impacto ambiental, as estruturas ficarão como legado. O partidor de largada e os pontões para atletas e cerimônias, que serão utilizados durante os Jogos, também permanecerão na Lagoa para uso diário dos atletas.

Até a Olimpíada, contudo, mais raiais ainda têm que ser instaladas na Lagoa. O custo delas está incluído nos R$ 14 milhões pagos pelo Estado.
 

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