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Por que o vôlei feminino está mais pronto do que o masculino para Rio-2016

Divulgação/FIVB
Brasil estreia nesta quarta-feira na fase final da Liga Mundial masculina e tem uma série de questões para resolver sobre o time imagem: Divulgação/FIVB

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Atual bicampeã, a seleção brasileira de vôlei feminino está invicta no Grand Prix de 2015 (seis vitórias em seis partidas) e vai estrear na terceira fase às 12h10 (de Brasília) da próxima quinta-feira (16), contra a Rússia, em Catania (Itália). O time nacional masculino também tem campanha consistente na Liga Mundial (nove triunfos, três derrotas e a primeira posição de seu grupo) e vai debutar na etapa final às 14h de quarta-feira (15), contra a França, no Rio de Janeiro. A pouco mais de um ano do início dos Jogos Olímpicos de 2016, porém, as semelhanças entre as duas equipes terminam aí.

A seleção feminina também vem de um bicampeonato olímpico (Pequim-2008 e Londres-2012) e tem uma base consolidada para a Rio-2016. No masculino, o atual ciclo tem sido de renovação de um elenco que ficou com a prata nas duas últimas edições dos Jogos.

A diferença de estágios explica muito as estratégias que as comissões técnicas adotaram em 2015. Com um elenco mais pronto, José Roberto Guimarães tem priorizado a questão física no feminino e pôde dividir forças entre os Jogos Pan-Americanos e o Grand Prix. Bernardinho, por outro lado, ainda tem questões a resolver sobre a formação do grupo. Por isso e por ser anfitrião da fase final, principalmente, resolveu priorizar a Liga Mundial e mandar uma formação totalmente alternativa a Toronto.

O vôlei foi um dos esportes mais procurados na primeira fase de venda de ingressos para a Rio-2016, e isso é apenas uma demonstração da expectativa que cerca as duas seleções para o próximo ano. No entanto, por questões que têm relação direta com o atual momento, cada equipe tem conduzido a preparação de uma forma. Entender isso é fundamental para saber o peso que as fases mais agudas do Grand Prix e da Liga Mundial vão ter na atual temporada.

Como está a seleção feminina

A seleção feminina tem menos questões de formação a serem resolvidas. Pensando num cenário ideal, sem lesões ou quedas acentuadas de rendimento, é possível adiantar pelo menos nove dos 12 nomes que vão formar o grupo de José Roberto Guimarães na Rio-2016 (ponteiras Jaqueline, Fernanda Garay, Gabi e Natália, as centrais Fabiana e Thaísa, a líbero Camila Brait, a levantadora Dani Lins e a oposto Sheilla).

A lista inclui seis das sete titulares do ouro de Londres-2012 (a exceção é a líbero Fabi, que se aposentou do time nacional e foi prontamente substituída por Camila Brait) e quatro remanescentes do título de Pequim-2008 (as centrais Fabiana e Thaísa, a oposto Sheilla e a ponteira Jaqueline).

O sexteto que obteve o ouro em Londres-2012 terá média de idade de 31 anos nos Jogos de 2016. Por isso, a principal preocupação da comissão técnica na atual temporada é física: Fabiana e Sheilla não foram convocadas para o Pan ou para o Grand Prix, por exemplo, para terem um período maior de descanso, e Thaísa foi submetida a intervenções cirúrgicas nos dois joelhos para corrigir problemas nos tendões patelares – ela só deve voltar às quadras em outubro.

Além disso, existe uma questão de volume de jogo. Zé Roberto costuma dizer que o time brasileiro depende mais da velocidade do que algumas das principais rivais, e por isso precisa que a bola chegue com qualidade às mãos da levantadora Dani Lins. Uma das principais responsáveis por isso nos últimos anos tem sido a ponteira Jaqueline, pouco utilizada nas fases iniciais do Grand Prix. Sem ela, ficou evidente a queda de rendimento do passe brasileiro.

As 12 vagas do vôlei feminino do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016:

Ponteiras – Com Jaqueline, Fernanda Garay, Natália e Gabi, principal revelação do vôlei feminino no Brasil nas últimas temporadas, a única chance de mudança aqui é se Zé Roberto quiser convocar Natália como oposto – posição em que ele não tem usado a atacante – para abrir mais uma vaga.

Líbero – A posição é de Camila Brait. Zé Roberto chegou a pedir para a ponteira Sassá, campeã olímpica em 2008, migrar para essa função e oferecer mais uma alternativa. Até aqui, porém, nada ameaça a titular.

Centrais – Fabiana e Thaísa ainda não foram utilizadas na temporada 2015, mas são as titulares de Zé Roberto. Adenízia também esteve em Londres-2012 e tem a vantagem de ser versátil – chegou a jogar como oposto –, mas vai ter de brigar pela terceira vaga com Carol e Juciely, titulares no Grand Prix. As três oferecem virtudes diferentes, e a questão nesse ponto vai ser estratégica.

Levantadoras – Dani Lins, titular em Londres-2012, segue dona da posição. A questão aqui é a reserva dela – Fabíola era a favorita e chegou a ser convocada para a temporada 2015, mas pediu dispensa de maneira abrupta para priorizar questões pessoais e abriu espaço para a concorrência. Zé Roberto também chamou Ana Tiemy, Macris e Roberta neste ano, e as duas primeiras disputarão o Pan. Tiemy é grande aposta da comissão técnica há anos, mas atua na liga da Romênia e tem trabalhado poucas bolas rápidas, estilo favorito das brasileiras. Macris foi a jogadora da posição que mais impressionou desde os treinos em Saquarema.

Opostos – Sheilla foi preservada na temporada 2015, mas seguiu treinando sozinha e foi monitorada pela comissão técnica. A favorita a ser reserva dela é Joycinha, 31, que tem 1,91m e oferece uma opção diferente à seleção – mais potencial de bloqueio, principalmente. Entre orientações e cobranças, ela foi uma das jogadoras que mais conversaram com Zé Roberto durante o Grand Prix. Se o treinador preferir alguém com mais potencial de ataque, Monique é a outra candidata.

Como está a seleção masculina

O ciclo olímpico que terminará em 2016 marcou uma troca de guarda na seleção brasileira de vôlei masculino. Do elenco que esteve em Londres-2012, por exemplo, Dante, Giba, Ricardinho e Rodrigão deixaram a equipe nacional. O líbero Serginho também chegou a anunciar aposentadoria do time verde-amarelo, mas foi demovido e voltou neste ano.

A transição, contudo, não aconteceu apenas por questões de idade. Entre os opostos, Leandro Vissotto perdeu espaço para Wallace entre os titulares e não rendeu bem na Liga Mundial de 2015. Ele chegou a ser cortado da fase final – Evandro ficou com a segunda vaga na posição.

Também há questões físicas com alguns atletas. Murilo passou por cirurgias no ombro e já está recuperado, por exemplo. Ele segue sendo um dos maiores passadores da equipe, mas ainda está distante do potencial ideal em fundamentos como ataque e saque. Sidão optou por um tratamento convencional para um problema na mesma região do corpo, e por isso só deve retornar às quadras em três meses.

A convocação desta temporada ainda abriu espaço a jogadores que estão em bom momento. É o caso do ponteiro Lipe, que chamou atenção da comissão técnica pela vibração constante e pelo nível de entrega. Também é assim com Isac e Riad, centrais que tiveram bom rendimento na Liga Mundial a ponto de ameaçar os jogadores que já faziam parte dos planos.

As 12 vagas do vôlei masculino do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016:

Ponteiros – Os titulares são Lucarelli e Murilo, que ainda precisa recuperar potencial ofensivo após problemas no ombro. Lipe chamou atenção da comissão técnica durante a Liga Mundial e cresceu na disputa pelas outras vagas. Ele terá companhia de Lucas Lóh na fase final do torneio, no Rio de Janeiro.

Líbero – Após ter anunciado aposentadoria da seleção, Serginho voltou. É um dos maiores nomes da posição em todos os tempos e será o titular se continuar em alto nível até os Jogos Olímpicos. Mario Jr. não foi bem na Liga Mundial até aqui, mas segue sendo a primeira opção ao veterano.

Centrais – Em teoria, com Sidão, Lucão e Éder, esse seria o setor com menos problemas na seleção brasileira. O problema é que Isac e Riad foram muito bem na Liga Mundial até aqui, e isso pode influenciar a briga por vaga.

Levantadores – Bruninho, titular e capitão da equipe, é nome indiscutível. William desponta como o favorito à segunda vaga – prova disso é que foi escolhido para a fase final da Liga Mundial mesmo tendo rendido abaixo de seu potencial nas etapas anteriores. O entrosamento dele com os jogadores do Sada/Cruzeiro, como Éder, Isac e Wallace, pesou nesse caso e tirou Rapha da disputa. A distância entre os dois, contudo, não parece grande.

Opostos – Outra posição em que o cenário parecia mais claro antes da Liga Mundial. Wallace e Leandro Vissotto, remanescentes de Londres-2012, eram os mais fortes candidatos, mas Evandro atropelou e ganhou vaga na fase final do torneio deste ano.

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