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Atletas da vela são os primeiros garantidos do Brasil no Rio 2016

Divulgação
Fernanda Oliveira e Ana Barbachan foram confirmadas como a dupla de 470 do Brasil para os Jogos de 2016 imagem: Divulgação

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro começam apenas em agosto do ano que vem. Mas, em um dos esportes que mais medalhas já rendeu para o esporte do Brasil, boa parte dos nomes dos atletas que vão representar o país estão definidos. Nesta quarta-feira, a Confederação Brasileira de Vela anunciou Fernanda Oliveira e Ana Barbachan como a dupla da classe 470 par as disputas na Baía de Guanabara.

Com elas, cinco das dez classes olímpicas já tem representantes definidos. As outras são a 49er FX, com as atuais campeãs mundiais Martine Grael e Kahena Kunze, a Finn, com o campeão mundial de 2011 Jorginho Zarif, e as duas classes da prancha a vela (RS:X), com Ricardo Winicki, o Bimba, e Patrícia Freitas. Os sete são os primeiros atletas brasileiros confirmados, nominalmente, por suas confederações para o Rio-2016.

Gaspar Nóbrega/Inovafoto/COB
Martine Grael e Kahena Kunze: garantidas na Olimpíada, as duas foram as melhores velejadoras do mundo, ganharam o Mundial da 49er FX e ainda foram eleitas as melhores atletas do esporte olímpico do país no Prêmio Brasil Olímpico imagem: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/COB
Em outros esportes, existem nomes que já garantiram a classificação, mas ainda não foram convocados. O atletismo é um deles. Os atletas têm entre 1º de maio de 2015 e 5 de julho de 2016 para conseguir o índice olímpico. Ao fim desse período, os donos das três melhores marcas confirmam presença. Isso significa que os 21 atletas que já conseguiram o índice para os Jogos ainda podem ser superados - e assistir ao evento pela TV.

O anúncio precoce foi feito porque nenhum desses velejadores contam com adversários brasileiros. Seja por aposentadoria (como a de Bruno Prada da vela olímpica na classe Finn), pelo fim de uma dupla (como a parceria de Isabel Swan e Renata Decnop na 470 feminina) ou pelo domínio absoluto em uma classe (como Martine e Kahena, na 49er FX).

Na 470 feminina, a confirmação de Fernanda e Ana veio com o fim da outra dupla que disputava a vaga, formada por Renata e Isabel. “Tivemos resultados excelentes em 2014. Inclusive, vencemos a outra dupla brasileira no Mundial. Mas em 2015 não conseguimos consolidar esse momento bom. Percebemos que não iríamos conseguir a vaga e decidimos terminar a parceria”, explica Isabel.

Velejadora brasileira Isabel Swan

  • AP Photo/Fabian Bimmer

    Eu fiz minha parte e estou tranquila. Ao longo do meu tempo como velejadora, tive três parcerias diferentes. Desde 2006, estou sempre entre as dez melhores do mundo. A Fernanda não tem isso, a Ana não tem isso. Mas as duas têm resultados muito bons neste ano. Estão melhor preparadas

    Isabel Swan, após o fim de sua campanha olímpica na classe 470
A proeira foi medalhista de bronze em 2008, ao lado de Fernanda. Sem a vaga, ainda estuda seus próximos passos. Ela pode tentar uma vaga na Nacra, classe olímpica mista em que o Brasil ainda não definiu seus representantes, ou deixar as competições de lado e buscar uma vaga na organização dos Jogos. “A única possibilidade aberta é na Nacra. Mas quero competir por medalha. Se não tiver chance, o caminho deve ser trabalhar em terra. Tenho experiência com o esporte e posso ajudar, trabalhando ao lado do Comitê Organizador dos Jogos”, explicou.

Outro medalhista olímpico que abriu mão do sonho de voltar aos Jogos foi Bruno Prada. Aos 43 anos, ele começou a campanha olímpica na classe Finn, mas no ano passado decidiu que seria mais útil para a vela brasileira trabalhando por Jorginho, grande revelação da vela masculina dos últimos anos no país. Quando percebeu que não conseguia mais acompanhar os mais jovens, decidiu se aposentar da vela olímpica e trabalhar pelo amigo, com quem treina.

“Eu tenho 43 anos. Entre os 20 primeiros do mundo, onde eu velejava, sou dez anos mais velho do que o segundo velejador mais velho. E a classe se tornou muito mais física. Um atleta de 25 tem muito mais capacidade física do que um de 43. No ano passado, corri o evento teste no Rio. Estava muito bem preparado. Mesmo assim, não consegui acompanhar. E vi que tinha chegado a hora”, diz Prada, dono de duas medalhas olímpicas (prata em Pequim-2008 e bronze em Londres-2012) ao lado de Roberto Scheidt, na classe Star.

Nas outras classes, a definição foi mais simples. Bimba é o melhor do país na prancha a vela olímpica há quase duas décadas. Simplesmente não apareceram atletas para desafiá-lo. Patrícia Freitas é a dona prancha feminina no país desde 2008 e, no último ciclo olímpico, mostrou resultados muito bons. É atualmente a sexta do ranking mundial, já foi a quarta e está sempre andando entre as melhores do mundo.

A quinta classe definida é a 49er FX, atualmente a mais forte dupla da vela nacional. Martine Grael e Kahena Kunze são as atuais campeãs mundiais e receberam, no fim de 2014, o título de melhores velejadoras do planeta.

Getty Images
Robert Scheidt e Bruno Prada com o bronze da classe Star em Londres-2012: com a exclusão do barco para 2016, os dois apostaram em classes individuais. Scheidt é o favorito para a vaga na Laser. Prada tentou a campanha olímpica na Finn, mas acabou se aposentando da vela olímpica: "Antigamente tinha o lado técnico. Hoje é só força física. E um atleta mais jovem é muito mais forte. É preciso pensar no Brasil. Não individualmente. E o Jorginho (Zarif) tem muito potencial" imagem: Getty Images
Na classe Laser, a definição não aconteceu pelo alto nível dos envolvidos. Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, voltou à Laser e é o favorito à vaga. Mas Bruno Fontes está entre os dez melhores do mundo há dez anos. Scheidt ganhou a primeira disputa e foi indicado para representar o país no Pan-Americano de Toronto, em julho. Se mantiver os resultados consistentes até o fim do ano, será indicado para disputar sua sexta Olimpíada seguida.

Em outras duas classes, a disputa é bem mais intensa. Na 49er masculina, Marco Grael/Gabriel Borges e Dante Bianchi/Thomas Lowbeer tem conseguido bons resultados nas etapas da Copa do Mundo. Marco e Gabriel tem sido constantes nos últimos eventos internacionais, ficando sempre na região dos dez primeiros. Dante e Thomas não são tão constantes, mas conseguiram um terceiro lugar em Palma de Mallorca, regata que reuniu parte da elite da classe. Na 470 masculina, com Geison Mendes/Gustavo Thiessen e Henrique Haddad/Bruno Bethlen, a situação é parecida. Já na Laser Radial e na Nacra 17, os representantes brasileiros ainda não conseguiram se destacar no cenário internacional.

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