Blog do Daniel Brito

Ginasta ganha BMW de prêmio pela Rio-16 mas pede para trocar por dinheiro

Daniel Brito

karmakar_bmw_4_1476268056A ginasta Dipa Karmakar ganhou uma BMW por sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. O modelo 320D, com o qual fora contemplada, pode custar mais de R$ 160 mil. Porém, a atleta avisou que está retornando o veículo a quem a presenteou. E os motivos são inquestionáveis: falta de dinheiro para manutenção e péssima condição das estradas e ruas de seu país. Além de tudo, ela não sabe dirigir.

Dipa é indiana de Agartala, a dois quilômetros da fronteira com Bangladesh, terminou na quarta colocação no salto sobre o cavalo. É a primeira mulher do país a disputar uma edição de Jogos Olímpicos. O pódio lhe escapou porque falhou na aterrissagem de um movimento conhecido como o “salto da morte”, que leva o nome da ginasta russa Yelena Produnova. Este salto é a especialidade de Dipa. Com ele, a indiana esperava levar a bandeira de seu país ao pódio nos Jogos do Rio-2016, mas a execução não saiu como o esperado.

A quarta colocação, contudo, foi muito celebrada na Índia e Dipa Karmakar foi presenteada pelo astro indiano do críquete Sachin Tendulkar com uma BMW. Outras duas atletas olímpicas do país também foram contempladas: PV Sindhu, do badminton, e Sakshi Malik, do wrestling. Elas, diferentemente da ginasta, conquistaram medalha na Rio-2016.

Todo desempenho feminino em competições esportivas tende a ser celebrado com muita propaganda na Índia, porque o país ainda sofre com o machismo e a violência de gênero, e o esporte serve como catalisador para mudanças neste sentido. Dipa Karmakar posou para fotos, fez discurso e deu entrevistas quando recebeu a BMW, há dois meses.

Na semana passada, no entanto, anunciou nas redes sociais que não ficaria com o carro. “Não foi uma decisão dela, foi da família”, justificou Bisheswar Nandi, técnico da ginasta, ao jornal Times of India. “Não há centro de atendimento e manutenção da BMW em Agartala [onde Dipa mora] e as ruas e estradas da cidade são terríveis para andar com um carro desses”, completou o treinador.

A ginasta já avisou à BMW que vai devolver o veículo e que, se possível, pudesse transferir para ela o valor do carro em dinheiro como prêmio pela participação olímpica. “Se não puder ser o valor do carro, qualquer quantia para nós já está excelente”, disse Nandi.