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Olimpíadas, dia 0: desmaio, recordes que ninguém viu, doping e mais covid

Justin Setterfield/Getty Images
Imagem: Justin Setterfield/Getty Images

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/07/2021 06h04

É justo afirmar que a sexta-feira (23), dia zero de Tóquio-2020, foi quente, e em mais de um sentido. Literalmente falando, as temperaturas passaram dos 30º e causaram todo tipo de incômodo. Desde falta de água na sala de imprensa até o desmaio da arqueira russa Svetlana Gomboeva, que não resistiu ao sol ao fazer as seguidas caminhadas até o alvo.

Ao ar livre, o dia ainda teve participação brasileira no remo e no tiro, mas mesmo à sombra esta sexta-feira trouxe notícias borbulhantes. Uma delas fala da estreia da brasileira Nathalie Moellhausen; e outra lembra que Bruno Fratus não estará no revezamento 4x100m livre. Além disso, foram confirmados novos casos de covid e até um doping. E tudo isso antes da cerimônia de abertura, que começa às 8 (de Brasília)! Role a página e fique por dentro!

Tiro com arco: recordes que ninguém viu

A fase de ranqueamento do tiro com arco é um dos raros eventos dos Jogos Olímpicos que não tem geração de imagens. Por isso, quase ninguém viu quando a sul-coreana San An somou 680 pontos e estabeleceu um novo recorde olímpico. Não foi a única marca que caiu nesta sexta. A Coreia do Sul estabeleceu um recorde olímpico por equipes, com 2.032 pontos.

Entre os brasileiros, Ane Marcelle dos Santos anotou 636 pontos e ficou em 33º lugar na fase classificatória do tiro com arco. Nona colocada na Rio-2016 - melhor resultado do Brasil na história da modalidade - ela vai disputar a fase de 32-avos de final contra a mexicana Ana Vazquez, 32ª colocada. A primeira colocada foi a sul-coreana San An.

No masculino, Marcus D'Almeida terminou sua qualificatória com 651 pontos, na 40ª posição. Ele vai enfrentar o britânico Patrick Juston na primeira rodada da chave individual. Nas duplas mistas, o Brasil ficou em 20º e não avançou.

Esgrima: Nathalie pega vice-campeã olímpica

A brasileira Nathalie Moellhausen, atual campeã mundial e cabeça de chave 3 em Tóquio, vai estrear contra uma velha conhecida: a italiana Rossella Fiamingo, 63ª do ranking e medalhista de prata na Rio-2016. O duelo, válido pelo quadro de 32, será às 21h55 (de Brasília) desta sexta-feira.

Moellhausen e Flamingo nasceram na Itália e competiram pelo país europeu até 2014, quando Nathalie adotou a bandeira brasileira. Quem vencer enfrentará a russa Violetta Kolobova (13ª) ou a polonesa Aleksandra Jarecka (29ª), à 1h35.

Remo: brasileiro nas quartas

Primeiro atleta brasileiro a competir em uma prova individual em Tóquio-2020, Lucas Verthein ficou em terceiro lugar em sua perna nas eliminatórias do skiff individual e avançou às quartas de final. A próxima fase será disputada na manhã de segunda-feira, dia 26 (noite de domingo, dia 25, no horário de Brasília).

Natação: Fratus fora de revezamento

Principal velocista do Brasil no último ciclo olímpico, Bruno Fratus não vai nadar o revezamento 4x100m livre em Tóquio. Seu foco estará nos 50m livre, prova na qual está cotado para conquistar uma medalha. A final do revezamento está programada para a noite de segunda-feira (manhã de segunda no Brasil), enquanto as disputas do 50m livre começam apenas na sexta-feira. Há tempo para descansar, mas raspando os pelos do corpo agora, para ao revezamento, Fratus perderia sensibilidade até sexta. A comissão técnica decidiu não arriscar.

Assim, a equipe do 4x100m livre do Brasil terá Gabriel Santos (que costuma abrir), Marcelo Chierighini, Breno Correia e Pedro Spajari.

Hóquei: símbolo LGBTQIA+ permitido

A Confederação Alemã Olímpica (DOSB), em conjunto, com a seleção feminina de hóquei do país, conseguiu junto ao COI uma autorização para que Nike Lorenz, capitã da seleção feminina da modalidade, faça uma manifestação de apoio à comunidade LGBTQIA+. Por isso, durante as partidas de Tóquio-2020, a atleta usará nas meias uma faixa com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade. Tóquio, aliás, já entra para a história como as Olimpíadas com um aumento exponencial do orgulho LGBTQIA+.

Ainda antes da cerimônia de abertura, os Jogos já viram um punhado de manifestações sociais protagonizadas por atletas. No futebol feminino, as seleções de Estados Unidos, Suécia, Nova Zelândia, Chile e Grã-Bretanha ajoelharam-se em protesto contra a violência racial. Além disso, a seleção da Austrália levou a campo a bandeira aborígene.

Doping na marcha

O sul-africano Lebogang Shange, da marcha atlética, foi pego no doping e banido por quatro anos pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) de disputar competições oficiais. Ele, portanto, está fora dos Jogos Olímpicos. A substância encontrada no corpo de Shange foi a trembolona, um esteroide anabolizante.

Mais covid: outro tcheco está fora

O ciclista Michal Schlegel é o quarto atleta tcheco em três esportes diferentes a testar positivo para covid-19 antes das Olimpíadas. Assim, Schlegel está fora da prova de ciclismo de estrada que será realizada na manhã de sábado (noite de sexta-feira no Brasil).

A organização das Olimpíadas anunciou que, ao todo, mais três atletas dos Jogos de Tóquio - incluindo uma pessoa da Vila Olímpica - testaram positivo para covid-19.

Geopolítica: argelino abandona, COI muda mapa

Logo após o sorteio das chaves do judô, o atleta argelino Fethi Nourine, da categoria até 73kg, retirou-se dos Jogos Olímpicos porque, em caso de vitória, enfrentaria Tohar Butbul, de Israel. Nourine disse sentir simpatia pelo povo palestino, e a Argélia não reconhece o estado de Israel. É a segunda vez que o judoca se recusa a lutar contra Butbul. Ele fez o mesmo em 2019, no Campeonato Mundial.

Outra questão geopolítica envolveu o site dos Jogos. Um mapa na página oficial de Tóquio-2020 foi alterado pelo Comitê Olímpico Internacional por causa de uma reclamação da delegação ucraniana sobre a região da península da Crimeia. Até ontem, o mapa tinha uma linha delineando uma fronteira entre a Ucrânia e a Crimeia. A região foi anexada pela Rússia em 2014, mas até hoje a Ucrânia reivindica a Crimeia como sua. Nesta sexta-feira, a linha desapareceu do mapa, e a península aparece como parte integral do território ucraniano.