Visões olímpicas

As maravilhas e armadilhas da primeira Olimpíada

Buda Mendes/Getty Images
Formada em sua maioria por estreantes, seleção brasileira teve dificuldades no início da Olimpíada imagem: Buda Mendes/Getty Images
Visões Olímpicas

Visões Olímpicas

Durante todo o período da Rio-2016, o UOL Olimpíadas publicará colunas especiais sobre os Jogos assinadas por personalidades relevantes, tais como artistas, esportistas, empresários, dirigentes e influenciadores. Os textos de cada um dos autores não refletem, necessariamente, a opinião do UOL.

Gustavo Endres*

Colaboração para o UOL

Os momentos que antecedem um evento como os Jogos Olímpicos são compostos por diversos sentimentos na vida de um atleta. Ao longo da minha carreira, foram inúmeros torneios disputados, de todos níveis possíveis, mas nenhum se compara a uma Olimpíada. Eu percebi isso em Sidney-2000, quando vivi coisas que nunca pensei que viveria. As emoções se multiplicam, aquele frio na barriga vira gelo e a ansiedade é enorme. E sabe quando que você entende que aquilo tudo está se tornando realidade? Na cerimônia de abertura! Ali você percebe que está num ambiente diferente do que já viveu ou vai viver. E é ali que você entra de vez nos Jogos.

É assim também que o jogador se sente antes de uma estreia ou de uma decisão. Nessa primeira semana de Jogos Olímpicos, tentei acompanhar ao máximo todas as modalidade. Mas, é claro, meus olhos sempre estarão mais atentos ao voleibol. Além da paixão pelo esporte, foi dentro dele que vivi e é nele que sigo trabalhando. Então inevitavelmente acabo me prendendo ao vôlei, à seleção brasileira e aos amigos que lá estão.

Minha primeira Olimpíada foi incrível, mas o resultado não veio dentro de quadra. Nas outras duas, mais maduro, realizei o sonho do ouro e depois veio a prata. Apesar de não ser um time de novatos, o elenco da atual seleção brasileira foi bastante renovado. Somente quatro jogadores estavam em Londres-2012: Bruninho, Wallace, Serginho e Lucão. E este é um ponto fundamental, pois a Olimpíada é deslumbrante, um ambiente novo e incrível em que o atleta está inserido. Então é preciso estar muito concentrado e focado para não deixar que nada atrapalhe.

AFP PHOTO / KAZUHIRO NOGI
Gustavo defendeu a seleção brasileira por mais de uma década imagem: AFP PHOTO / KAZUHIRO NOGI
Na estreia do Brasil no vôlei masculino, parece que todo esse ambiente acabou pesando. O início ruim e a perda do primeiro set para o modesto México preocuparam. Mas se a ficha não tinha caído na abertura dos Jogos, como aconteceu comigo, esse set perdido certamente fez o time entrar de vez na competição. Depois da vitória sobre o México, veio mais um triunfo sobre a forte equipe canadense, que havia surpreendido os EUA, superando os rivais por 3 sets a 0. Mesmo perdendo mais uma vez o primeiro set, o Brasil se impôs e virou o placar, com participação importante dos ponteiros.

Pedra no nosso sapato, o terceiro jogo nos colocou frente à frente com os EUA. A derrota por 3 sets a 1 acabou mostrando alguns problemas da equipe brasileira, mas nada que seja alarmante. Americanos são bipolares nessas competições, depois de duas derrotas pra Canadá e Itália, resolveram aprontar pra cima dos brasileiros.

A abertura já passou, a estreia já foi e a Vila Olímpica já não é mais surpresa. Então se a ficha já caiu, é o momento de entrar com tudo. É Olimpíada, é o ápice da carreira de um atleta, precisamos manter o foco na medalha. Ainda mais jogando aqui, no quintal de casa. Bernardinho e equipe, mais que nunca precisaremos transformar suor em ouro. Vai Brasil!

* Gustavo Endres foi jogador de vôlei e disputou três Olimpíadas, ganhando uma medalha de ouro (Atenas-2004) e uma de prata (Pequim-2008); hoje é Supervisor e Gestor do Vôlei Canoas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

 

Veja lances da derrota do Brasil para os EUA

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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