Coluna

Roberto Salim

Para a capitã do handebol, a tristeza não acabou: "Ainda estou de luto"

Dara e o marido Davi
Divulgação
Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colunista do UOL

Para entender o sentimento que tomou conta de Fabiana Diniz é preciso conhecer um pouquinho dessa mulher que ama o handebol. Fabiana, conhecida por Dara, é capitã do time, jogou exatas 217 partidas pela seleção brasileira e durante 15 anos foi símbolo da raça de uma geração. Pronto: agora dá para entender como ela estava se sentindo nesta quarta-feira cedo, na praia da Urca, exatamente 24 horas após a eliminação do Brasil pela equipe da Holanda.

“Eu estou de luto”.

E estava. Não há como negar.

“Dormi pouco, talvez uma hora só, porque teve um momento em que o cansaço venceu a tristeza”.

Aos, 35 anos, preparou-se como nunca para subir ao pódio olímpico exatamente no último torneio em que vestiu a camisa amarela. E só quem é da família ou amigo próximo sabe o que ela passou. No ano passado, não foi ao Pan-Americano de Toronto, porque uma trombose a pegou de surpresa.

“Eu nunca tinha tido qualquer tipo de problema”.

Passado o susto e a dúvida da volta às quadras, ganhou novamente o seu lugar no time, voltou a ser a capitã e queria uma despedida de gente grande.

“Não deu. No momento eu não consigo pensar o que fizemos de errado. A ficha não caiu ainda. Não atacamos como deveríamos, não defendemos corretamente. Mas não consigo analisar o que houve de verdade. Talvez um dia a gente entenda o que se passou”, comentava com emoção ao lado do marido Davi.

“Tínhamos certeza da medalha, não da cor dela. Não sabíamos se seria de ouro, prata ou bronze, mas iríamos subir ao pódio”.

Essa era a grande dor sentida pela capitã. Não subir ao pódio em sua despedida.

“Doeu mais que a derrota para a Noruega em Londres, quando vencíamos o jogo por 5 gols de vantagem. E dói mais, porque ali eu tinha como recuperar o sonho... agora acabou”.

Sim, foi a despedida de Dara da seleção.

“Rompi meu contrato com o time em que jogava na Alemanha e talvez volte a jogar aqui no Brasil até o fim do ano em uma equipe do Nordeste”.

Além de jogar, ela vai abrir uma pousada em Alagoas, com o sugestivo nome de “Minanoah”.

“É a junção dos nomes dos dois filhos que pretendo ter”.

Só faltou mesmo o pódio para a capitã!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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