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Roberto Salim

Brasileira que socou rival no polo levou dura do pai: "Minha filha errou"

A jogadora da seleção de polo aquático Gabriela Mantellato
Divulgação
Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colunista do UOL

Gabi é de uma família de esportistas. Suas irmãs são atletas. Seu bisavô participou do lançamento de martelo na Olimpíada de 1920, com o sugestivo apelido de Pastelão. Seu pai Nilsinho foi jogador de pólo-aquático e sua mãe Ana Cristina jogou na seleção brasileira da mesma modalidade. Por que estamos falando de Gabriela Mantellato? Porque ela protagonizou uma das cenas mais polêmicas dos Jogos Olímpicos até agora: uma imagem que daqui a muitos anos alguém vai lembrar quando se referir à competição do Rio de Janeiro.

“No polo aquático o jogador tem de saber apanhar... se o juiz não vê uma agressão, você não pode revidar, tem de ficar quieto... e minha filha errou... mas foi uma reação a uma agressão da italiana”, resumiu o pai de Gabi e ex-goleiro do Paineiras e do Pinheiros, falando sobre os socos que sua filha deu na adversária quando ambas estavam na piscina.

Ele conversou com Gabi e escutou dela que Roberta, a jogadora italiana, tinha batido muito nela antes do revide: ”Ela me falou que a italiana puxou o maiô, deu socos e ainda enfiou o pé nela... mas foi tudo debaixo d’água, sem que o juiz percebesse. E ela teve aquele ato inesperado, que está correndo o mundo, fico preocupado”.

Com 24 anos, 1,75m de altura e muita força, Gabi foi praticamente criada à beira da piscina, onde seus pais sempre estavam treinando: ”Jogar contra as italianas é sempre complicado, elas marcam forte, agarram muito, batem bastante”, disse Ana Cristina, a mãe de Gabi, que jogou o campeonato mundial de 1998, em Roma. “Lá, nós também jogamos contra a Itália e eu levei uma pancada tão forte de uma jogadora que eu não queria mais voltar para a piscina”.

De certa forma, Ana Cristina foi vingada 18 anos depois, mas também não aprovou a atitude de sua filha de “índole doce e boazinha”: “Ela errou, porque não conseguiu se controlar, mas esse contato, esses choques são do esporte. Existe muita agressão e disputa embaixo d’água. Há duas semanas, em um jogo amistoso, a chinesa quase quebrou o nariz da minha filha”.

A preocupação dos Mantellato é que de agora em diante as adversárias procurem provocá-la. O jogo desta quinta-feira é contra a Rússia, outra adversária de jogo pesado.

“Mas eu apaguei esse episódio da minha cabeça, foi procurar fazer apenas o que o técnico pediu”, garantiu Gabi no final da tarde, após o treino da seleção. “Vai ter provocação sim, mas isso faz parte do esporte e eu estou preparada”.

Aliás, todos os familiares e acompanhantes das jogadoras da seleção brasileira de polo trataram de defender Gabi, que foi expulsa do jogo contra a Itália, mas não pegou qualquer outro tipo de punição.

“No começo eu achava um horror, mas é do jogo, não me assusto mais. E já vi coisas muito piores do que o que aconteceu com a Gabi”, afirma Nádia, mãe da jogadora Luiza.

Ela conta que sua filha quase sempre usa mais de um maiô por partida, porque as adversárias puxam, rasgam e não dão trégua.

Outra mãe que está no Rio de Janeiro é Raquel. Ela também jogou na seleção nacional : ”Na piscina a gente sempre se pega com alguém, é inevitável. É do esporte. É muita adrenalina”, afirmou a mãe de Izabella, artilheira do Brasil, que quebrou o nariz num simples treino contra a equipe de Porto Rico.

Enfim, detalhes poucas vezes visíveis abaixo da linha d’água, como afima Danni Raddi, que também defendeu a seleção. “Quando eu jogava contra a italiana Malato ou a canadense Cora, era arranhão, unhada e chute na certa. Mas ainda assim é diferente de você entrar em um ringue em que o lutador de azul se bate contra o de vermelho”.

Explicações dadas, histórias contadas, Dani e Raquel trataram de encerrar a entrevista porque tinham um compromisso inadiável: ir ao ginásio olímpico para assistir às lutas de boxe. Vai entender esse mundo do esporte!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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