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Roberto Salim

Basquete desaba e Iziane detona: "Tem gente que fala muito e joga de menos"

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Iziane:?Mulher fala demais, nosso problema maior é esse? imagem: Reuters
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Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colaboração para o UOL

Todo mundo tem uma opinião para explicar a crise que atinge o basquete feminino do Brasil. Foram três jogos até agora na Olimpíada e três derrotas. O time de Antônio Carlos Barbosa sempre começa ganhando... e acaba batido. Falta condição física, psicológica, faltou treino, faltam jogadoras? Pode ser tudo isso, mas a jogadora Iziane tem uma explicação.

“Tem gente que fala muito e joga de menos”, disse ela exatamente cinco horas antes da nova derrota na Arena da Juventude. Vencer a Belarus era fundamental para a classificação ou ainda para fugir de um confronto com as norte-americanas na próxima fase.

Porém, o placar foi mais uma vez dolorido: 65 a 63.

“Mulher fala demais, nosso problema maior é esse”.

Sem uma solução para esse problema humano, como a jogadora maranhense constatou, vai ser difícil arrancar um resultado positivo que seja nesta competição. Parece que uma crise já se apossou do ambiente, antes dos jogos contra a França e a Turquia e agora só um milagre para dar novo fôlego ao time.

“Por que o Brasil começa bem a partida e depois cai de produção? Boa pergunta: estamos jogando momentos, não a partida toda”.

Antes de enfrentar a Belarus, Iziane falava por ela mesma, não pelo time: “Eu, pessoalmente, sempre acredito que é possível vencer, eu acredito que vamos chegar à final e que vamos ganhar das norte-americanas. Eu sou assim. Mas seria preciso que todas pensassem como eu”.

Ela não acredita que o fato de jogar diante da torcida brasileira seja um problema. “Ninguém está nos pressionando, porque ninguém mais acredita no time e, se nós mesmas não acreditarmos, vamos nos enterrar ainda mais. Quanto mais perdemos, mais cavamos o nosso próprio buraco”.

Parece que o fundo do poço chegou para o basquete feminino. A confederação brasileira é um arremedo de entidade, com suas dívidas milionárias, os clubes fecham as portas e uns poucos resistem.

“Ainda assim temos jogadoras respeitadas no mundo e atuando na WNBA. Acho que está faltando transformar o trabalho em ação, dar o nosso melhor na quadra”.

Ela garante que joga com garra e determinação, que não se entrega. E é verdade: foi sua a última tentativa de vencer ou empatar o jogo contra a Belarus.

“Se esse meu comportamento não contagia algumas, não sei mais o que fazer. Vou continuar lutando, acreditando, saindo da quadra de cabeça erguida. Não vou falar nada não, fazer reunião, não adianta. Como já disse: aqui se fala muito e a ação é pequena. O problema é que mulher fala demais”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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