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Roberto Salim

Supervisora da ginástica vive drama pessoal, mas vê suas meninas brilharem

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Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

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O técnico Ricardo Pereira acompanhou a apresentação das meninas da ginástica como sempre ao lado da fiel parceira Georgette Vidor, supervisora da equipe nacional. Os dois se emocionaram com ao exibição do solo de Rebeca Andrade. Vibraram com Flavinha Saraiva. E admiraram a postura de Jade Barbosa.

“Foi um dia especial para nós”, conta o técnico Ricardo Pereira.

E tudo parecia normal até que ele ficou sabendo que aquela mulher guerreira que estava a seu lado assistindo e analisando cada movimento das meninas estava sofrendo com um drama pessoal.

“Passamos o tempo todo rodando o ginásio atrás de ângulos melhores para ver cada aparelho”. Nada indicava que havia algo errado com ela. “É inacreditável, mas a Georgette fez questão de acompanhar a apresentação da equipe até o último minuto, mesmo sabendo que sua mãe tinha morrido”.

Quando a participação das brasileiras terminou, finalmente a mulher de coragem incomum, que sempre enfrentou os problemas com determinação, desabou.

“Só então ela chorou. E como chorou”, emociona-se Ricardo Pereira.

Georgette Vidor sempre foi forte. Quando perdeu os movimentos em um acidente automobilístico, continuou na ativa, como técnica da brilhante equipe nacional nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg. Nunca se entregou, brigou contra o impossível, contra as dores, e curte a vida e o esporte como poucos.

“Mas eu não achava que ela seria capaz de cumprir sua obrigação com todos nós, em um dia como hoje, em que dona Anita Mulatinha partiu”.

E dona Anita era uma vovozinha muito especial para o mundo da ginástica no Rio de Janeiro.

“Sempre nos defendia nas crises com o Flamengo e tinha um carinho muito grande com os técnicos, pois sempre nos mandava bolo e doces, com a recomendação de não darmos para as atletas, que não podiam ganhar peso”.

Mas há um consolo para Georgette e família: sua mãe partiu num dia em que a ginástica brasileira fez história.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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