Coluna

Roberto Salim

"Os EUA tratam com arrogância a questão da aviação", diz físico brasileiro

Henrique Luiz de Barros/arquivo pessoal
Divulgação
Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colunista do UOL

O professor Henrique Lins de Barros é um cientista. É físico e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisa Física. E é um dos maiores conhecedores da história de Santos Dumont. Foi inclusive um dos curadores da exposição “Poeta Voador”, apresentada no Museu do Amanhã. Por tudo isso, o mestre não engoliu a ironia com que a imprensa norte-americana tratou a homenagem ao brasileiro na festa de abertura dos Jogos Olímpicos.

“Eles trataram o fato com a tradicional arrogância americana”, revidou o físico, na tarde de ontem, em sua residência na rua Major Rubem Vaz, coincidentemente próxima a Praça Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

“Na transmissão da NBC eles usaram a velha intolerância, a maneira de pensar que nada pode ter sido feito de bom ou criado se não for norte-americano”, explicou Henrique Luiz de Barros, acrescentando que o exemplo da discussão do pioneirismo da aviação não é único.“Essa atitude é encontrada em vários outros avanços da história da ciência”.

Ele vai além e dá um exemplo definitivo de que Santos Dumont voou primeiro que os irmãos Wright, os pioneiros norte-americanos.

“Os irmãos Wright voaram catapultados e foi um sucesso permanecer no ar, mas não levantaram voo sozinhos como Santos Dumont, que decolou, voou e pousou sem auxílio externo”.

O físico cita o diploma conferido pela Associação Internacional de Aviação como prova indiscutível do feito do brasileiro. “Ele realizou o primeiro vôo homologado pela Associação, que era reconhecida inclusive pelos Estados Unidos, não há o que discutir”.

Como cientista, o pesquisador deixa claro que sua defesa de Santos Dumont passa longe de uma posição patriota. “Não se trata de um nacionalismo ingênuo, existe o reconhecimento do mundo e o vôo do 14 Bis foi definitivo”.

Além de ser um personagem mundial, Santos Dumont entrou no desfile de abertura como o primeiro brasileiro a receber uma homenagem do Comitê Olímpico Internacional. “‘Santos Dumont era um esportista da época, praticava tênis, alpinismo, remava e ainda patrocinava corridas de triciclo”.

O brasileiro esteve na Olimpíada de Saint Louis e só não participou da corrida de balões, realizada em 1904, porque seu balão número oito sofreu um acidente: “Na verdade, ele foi rasgado criminosamente um dia antes da competição”, concluiu o professor Henrique Luiz de Barros, que está pronto para um duelo cientifico com qualquer defensor dos irmãos Wright. Com os jornalistas da NBC inclusive.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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