Grael (d) e Ferreira
A vela pode parecer um esporte elitista que pouco combina com a realidade brasileira de dificuldades sociais e econômicas. Mas é justamente nessa modalidade que estão os melhores resultados do esporte olímpico verde amarelo. Em Atenas-2004, a vela brasileira chegou a 14 medalhas, seis delas de ouro - o "rival" mais próximo é o atletismo, com 13 pódios, mas só três ouros.
Da vela vem também o maior atleta olímpico brasileiro de todos os tempos, Torben Grael (na foto, com Marcelo Ferreira). O velejador conquistou cinco medalhas em seis Olimpíadas disputadas, incluindo duas medalhas de ouro - ao lado dele, os únicos bicampeões olímpicos do país são Adhemar Ferreira da Silva (salto triplo), Robert Scheidt (vela), Marcelo Ferreira (parceiro de Torben em três medalhas), Maurício e Giovane (ambos do vôlei).
AS MEDALHAS DA VELA | |||||
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A história vitoriosa da modalidade no país começou com a criação do Iate Clube Brasileiro, fundado no Rio de Janeiro por Armando Leite em 1906. Depois de criar seu estatuto, o novo clube organizou a primeira regata em 1910 e, posteriormente, realizou uma competição internacional com a participação dos tripulantes dos navios ancorados no porto da cidade.
Os primeiros heróis surgiram no primeiro Pan-Americano, em 1951, em Buenos Aires. Gastão Souza e Roberto Bruno trouxeram o ouro na classe Star. Mas foi apenas em 1961 que a vela brasileira ganhou o mundo, com os irmãos gêmeos cariocas, Axel e Erik Schmidt, que conquistaram o primeiro título mundial para o Brasil, na classe Snipe. Os dois, tios de Torben e Lars Grael, ainda conquistariam mais dois títulos mundiais e medalhas pan-americanas.
Foi o impulso que a vela nacional precisava. Na década de 70, a modalidade ganhou força de vez, graças ao tricampeonato mundial do paulista Jorge Bruder (1970, 71 e 72), na classe Finn.
Nos Jogos Olímpicos, o Brasil estreou nos Jogos de Londres-1948, com Vitório Ferraz e Carlos Borcher, dupla que ficou em 10º lugar na classe Shallow, e João Bracony e Carlos Bittencourt, que velejaram juntos para conquistar o 14º na Star.
No México-1968, o Brasil conseguiu sua primeira medalha. A dupla Burkhard Cordes e Reinaldo Conrad ficou com o bronze na classe Flying Dutchman. O Brasil voltou ao pódio em Montreal-1976, quando Reinaldo Conrad, agora com Peter Ficker, repetiu o bronze na Flying Dutchman. A consagração da vela olímpica brasileira veio em Moscou-1980. Então desconhecidos do grande público, os jovens Marco Soares e Eduardo Penido subiram no lugar mais alto do pódio na classe 470, assim como os favoritos Alex Welter e Lars Bjorkstrom na Tornado.
Em Los Angeles-1984, uma lenda olímpica brasileira estreou nos Jogos: Torben Grael, hoje bicampeão, conquistou a medalha de prata na classe Soling, ao lado de Daniel Adler e Ronaldo Senfft. Quatro anos mais tarde, com Nelson Falcão e já na classe Star, Torben voltou ao pódio, faturando o bronze. Nessa mesma Olimpíada, Seul-1988, outra dupla brasileira, formada pelo irmão de Torben, Lars Grael, e Clínio de Freitas, também ganhou bronze, na classe Tornado.
Em Atlanta-1996, já consagrado, Torben velejou com Marcelo Ferreira e conquistou a única medalha que faltava: o ouro, também na Star. Brilhou também a estrela de Robert Scheidt, na Laser, com o ouro logo em sua primeira Olimpíada. O octacampeão mundial também conquistou medalha de prata nos Jogos de Sydney-2000 e o ouro em Atenas-2004. Também na Grécia, Torben Grael, novamente com Marcelo Ferreira, levou o ouro na classe Star e se tornou o maior atleta olímpico brasileiro, com cinco medalhas.