Do UOL Esporte
Em São Paulo
Em um esporte em que os animais dividem os méritos com os cavaleiros e amazonas na conquista de medalhas, qualquer problema com os cavalos pode representar o fim de um sonho, de uma conquista. Para os brasileiros, nos Jogos Olímpicos de 2008, esse foi o maior problema.
UMA MEDALHA APÓS 9 JOGOS | |
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Ian Millar com seu cavalo In Style durante a prova em Hong Kong nesta segunda-feira | |
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Na delegação nacional que foi a Hong Kong, em um total de 13 conjuntos, cinco deles foram eliminados ou excluídos por contusão, doença e até por um exame antidoping dos cavalos que foram à China.
O Brasil esteve nas três modalidades das Olimpíadas: adestramento, CCE (Concurso Completo de Equitação) e saltos. Já no primeiro dia dos Jogos, a notícia de que o cavalo de Fabrício Salgado, do CCE, não foi aprovado pelos juízes era um prenúncio. O conjunto acabou cortado e começava o drama.
No adestramento, a próxima modalidade em disputa, a saída do conjunto de Rogério Clementino - o primeiro que conseguiu vaga para as Olimpíadas - tirou o Brasil do torneio por equipes. O cavalo não passou pelo exame veterinário.
Para os saltos, que representava a esperança brasileira por uma medalha, uma surpresa logo antes da competição começar. No dia 13/08, Álvaro Affonso de Miranda, o Doda, anunciou que sua égua AD Picolien Zeldenrust sofreu uma contusão no transporte à China e ele, o melhor brasileiro no ranking da Federação Internacional, estava fora.
A equipe de saltos, que trouxe bronze em Atlanta-1996 e Sydney-2000, estava sem um componente, mas mesmo assim brigava para chegar à final. Só os oitos melhores iriam disputar o pódio. No meio da competição, Pedro Veniss, com Un Blanc de Blancs, caiu do cavalo e viu o animal quase passar por cima. O conjunto foi eliminado, e os brasileiros terminaram em 10º.
Dois cavaleiros, porém, garantiram vaga na final individual e alimentavam a esperança. Bernardo Alves, com Chupa Chup, teve uma notícia triste há poucas horas antes da decisão. Seu cavalo havia sido flagrado no exame antidoping. Restava, então, Rodrigo Pessoa, com Rufus, para tentar uma medalha. Campeão de Atenas-2004, ele ganhou a companhia da brasileira Camila Mazza, reserva da final e que foi incluída após a saída de outros conjuntos também pegos no exame assim como Alves.
Pessoa, que já não teve a presença de Baloubet de Rouet, chegou ao quinto lugar depois de um desempate e de quase ficar com o bronze. Já Mazza, que salta apenas no Brasil, foi a grata surpresa com o 10º lugar. Fora do pódio pela primeira vez depois de 12 anos, o hipismo brasileiro volta ao país com o trauma de não poder contar com seus cavalos no momento decisivo.