Após muita polêmica, duas avaliações de classificação funcional e desistência de Clodoaldo Silva em provas em que ele tinha chances de conquistar medalhas em sua nova classe S5, o nadador brasileiro divulgou, através de sua assessoria de imprensa, um manifesto expressando todo seu sentimento.

Depois de chamar o Comitê Internacional Paraolímpico (IPC) de amador, Clodoaldo disse através da carta, "que sua deficiência é a mesma desde quando passou por quatro processos cirúrgicos e depois disso, foi constatado pelos médicos que seu caso é estável. Nos exames que fez pediu várias explicações para os classificadores e todas as respostas dadas foram baseadas em sua melhoria técnica".

O brasileiro mostrou sua revolta com a organização, explicando seu bom desempenho nas piscinas. "Estou pagando por ser ótimo atleta e por ter biótipo avantajado (mãos grandes, costas largas, pés grandes e envergadura). Conheço atletas da classe S4 com movimentos semelhantes aos meus, só que meu físico é bem mais forte do que o deles e tenho um biótipo perfeito para natação".

Clodoaldo ainda fez uma comparação com o fenômeno da natação convencional, o norte-americano Michael Phelps, afirmando que todos que todos os países que participaram dos Jogos Olímpicos teriam que pedir a troca de categoria do nadador que ganhou oito medalhas de ouro em Pequim-2008.

O atleta voltou a criticar o IPC, dizendo que o órgão tem que melhorar sua postura profissional. "Quando pedi para eles o protesto, eles não me apresentaram. Quer dizer, não tenho um documento em mãos para saber quem foi o país que entrou com o protesto contra mim e para saber o que alegaram. Sem isso, se torna difícil para eu me defender. O que tenho é uma simples notificação enviada por e-mail pelo IPC me dizendo que fui protestado. Quem me garante que fui mesmo protestado?".

Ele explicou ainda porque abdicou de participar de todas as provas. Clodoaldo disse não ter medo de falhar na conquista de medalhas, mas sim não estar preparado psicologicamente, nem motivado para as competições individuais.

O brasileiro seguiu o manifesto afirmando que a conduta do IPC "é um desestimulo aos atletas paraolímpicos que querem ser profissionais. Será que melhorando seu desempenho eles obrigatoriamente terão que subir de classe? Hoje está acontecendo comigo, amanhã poderá acontecer com outros atletas".

Para encerrar, o nadador se mostrou indignado com o que ouviu em Pequim após a reavaliação. "Quando eu perguntei 'se eu não fosse tão vencedor eu estaria passando por tudo isso?' Eles responderam, 'não, porque um atleta que está na categoria errada que não está ganhando não incomoda ninguém'. Não quero acreditar em tudo isso que estou passando", falou Clodoaldo antes de terminar o protesto agradecendo aos fãs, amigos, família, a mídia e todos àqueles que torceram por ele.

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