UOL Olimpíadas 2008 Notícias

22/08/2008 - 09h48

Maurren conquista 1ª medalha olímpica feminina do atletismo brasileiro

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Fabiana Murer falhou na final do salto com vara. Jadel Gregório voltou a decepcionar na decisão olímpica do salto triplo. Coube então a Maurren Maggi salvar o atletismo brasileiro.

Com a responsabilidade de toda uma modalidade nas costas, a saltadora conquistou o que seus companheiros não conseguiram: a medalha de ouro do salto em distância nos Jogos Olímpicos de Pequim. Completaram o pódio a russa Tatyana Lebedeva, com a prata, e a nigeriana Blessing Okagbare, com o bronze.

Apenas em sua segunda participação olímpica, Maurren saltou 7,04 m em sua primeira tentativa. Sua melhor marca desde 2003, quando foi suspensa por doping e passou mais de dois anos afastada, foi o bastante. Das 12 finalistas, nenhuma tinha passado da mítica marca de 7 metros na temporada - no grupo, apenas uma, a russa Tatyana Lebedeva, atual campeã olímpica, já tinha feito um salto maior do que o da brasileira, com 7,33 m.

Logo após deixar a caixa de areia, a brasileira sabia que o salto era para medalha. Assim que viu o replay mostrando seu pé a milímetros da linha que indica se o salto foi válido ou não, pulou para comemorar com seu técnico, Nélio Moura, que já é dono de uma medalha olímpica. Há três dias, o panamenho Irving Saladino, que treina com o brasileiro em São Paulo, foi campeão olímpico no salto em distância masculino.

Mesmo assim, ela afirmou que o primeiro salto não lhe deu total segurança quanto ao feito. "Não tive certeza, na hora eu pensei 'bem que podia acabar a prova'", contou. "Mas eu podia ter saltado ainda mais e sabia também que a Lebedeva não ia aliviar. Tinha de esperar até ela acabar."

Suas principais rivais realmente sentiram a pressão. Lebedeva, que em seu primeiro salto tinha marcado 6,97m, sua melhor marca do ano, queimou os quatro saltos seguintes. Mesmo os 7,03 m na última tentativa não bastaram para passar a brasileira. Oksana Udmurtova, única além de Maurren e Lebedeva que já passou dos 7 metros na carreira (sua melhor marca é de 7,02 m), também decepcionou, não passando dos 6,70 m. A norte-americana Britney Reese, melhor da fase de classificação, também ficou longe das primeiras, com 6,76 m. Já a brasileira Keila Costa, que este ano sofreu com as lesões, não passou para os três saltos finais, terminando sua participação com 6,43 m, na 11ª colocação.

A surpresa ficou no bronze, com a medalha da nigeriana Blessing Okagbare. A saltadora só chegou à final após o doping da ucraniana Lyudmila Blonska, expulsa dos Jogos, pois foi 13ª na classificatória. Ela garantiu o resultado também no primeiro salto, com 6,91 m.

O momento para a medalha de Maurren também não poderia ter sido melhor. Em Atenas-2004, as três medalhistas russas passaram de seu salto. Lebedeva foi ouro com 7,07 m, Irina Simagina foi prata e Tatyana Kotova, bronze, ambas com 7,05 m. Desde então, porém, nenhum dos mundiais foi decidido com uma marca maior: Lebedeva foi campeã mundial em 2007 com 7,03 m e a norte-americana Tianna Madison levou o mundial de 2005 com 6,89 m.

A sorte também ajudou. Sua maior adversária, a portuguesa Naíde Gomes, dona do melhor salto do ano com 7,12 m, não disputou a final. Campeã mundial indoor, ela teve problemas nas eliminatórias, queimou seus primeiros saltos e, na última tentativa, ainda sem marca, errou a distância. O caminho estava aberto para a primeira medalha feminina do atletismo nacional.

Depois da conquista, a maior homenagem foi à filha Sophia. "É por ela que estou aqui", disse, emocionada. "Eu vejo que o Brasil acreditou em mim, no meu talento, minha determinação e minha força de vontade. Finalmente vamos poder ouvir o hino nacional aqui", completou, a caminho do pódio.

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