UOL Olimpíadas 2008 Notícias

21/08/2008 - 12h08

Vaga na final olímpica tira fardo de Atenas das costas de Zé Roberto

Lello Lopes
Em Pequim (China)
Assim que o saque de Jaqueline tocou nas mãos da chinesa Ma e foi para fora, decretando a vitória de 3 sets a 0 do Brasil sobre a China nas semifinais do vôlei feminino dos Jogos Olímpicos de Pequim, o técnico José Roberto Guimarães conseguiu, definitivamente, se livrar de um fardo que carregava havia quatro anos.

O treinador atingiu a final olímpica, depois de ter ficado tão perto em Atenas. E conseguiu superar o rótulo de ter deixado a medalha escapar quando a vitória sobre a Rússia, quatro anos atrás, estava praticamente garantida.

"Depois de Atenas foi complicado para levantar a cabeça de muita gente, inclusive a minha. Fiquei em um momento muito débil de força, foi muito complicado", desabafou o técnico, que pode se tornar o primeiro do país a ganhar o ouro tanto no masculino quanto no feminino, já que dirigiu os meninos do vôlei na conquista de Barcelona-1992.

A derrota em Atenas perseguiu Zé Roberto por muito tempo. "Eu vivi muito intensamente esse período pós-Atenas, sofrendo os problemas de ter perdido, de ter falhado naquele momento. Eu era técnico do Finasa e via nos ginásios os cartazes com o placar de 24 a 19 (o Brasil liderava por esse marcador o quarto set contra a Rússia em Atenas, mas não conseguiu fechar a semifinal). É difícil um treinador perder um jogo desses", lembrou.

Mesmo assim, o técnico foi mantido na seleção. E iniciou um trabalho que culminou com a inédita passagem da equipe feminina de vôlei do Brasil para a final dos Jogos Olímpicos.

"O problema era reestruturar o grupo, refazer, treinar as jogadoras, ter um horizonte. E este grupo agora foi sendo trabalhado. Tínhamos uma meta de fazer 150 jogos internacionais, acabamos realizando 138. Fomos formando o grupo devagar", disse Zé Roberto.

No período, Zé Roberto começou a moldar a equipe. Das dozes jogadoras que foram a Atenas, seis permaneceram no time. E os resultados começaram a aparecer, como o vice-campeonato mundial de 2006, conquistado no Japão.

O time, entretanto, passou por uma outra decepção, tão forte como a de Atenas. A equipe perdeu para Cuba a final dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, no ano passado.

"Foi a nossa derrota mais doída", reconhece o treinador. A partir daí, o time deslanchou. O Brasil começou a temporada com o título do Grand Prix e chegou à final olímpica sem perder um único set. Agora, falta apenas a medalha de ouro para coroar de vez o trabalho mais difícil da carreira do treinador.

Compartilhe: