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17/08/2008 - 14h27

"A marca de Spitz me fazia levantar quando não queria treinar", admite Phelps

Bruno Doro
Em Pequim (CHN)
As sete medalhas de ouro que o norte-americano Mark Spitz conquistou nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, estiveram na cabeça de Michael Phelps pelos últimos quatro anos. A cada treino mais difícil, a cada dia que o fenômeno de 23 anos não queria cair na piscina, o fantasma de Spitz servia como motivação.

"Quando eu lembro dos treinamentos, dos dias em que estava cansado e querendo continuar na cama, e ainda assim tinha que acordar cedo para treinar, o que me fazia levantar era essa marca. Por isso, só tenho de agradecer por ele ter feito o que fez", admitiu Phelps, logo depois de ter batido o antigo recordista.

PHELPS CONQUISTA 8º OURO
EFE/Andrew Gombert
Norte-americano conquistou a última medalha no revezamento 4 x 100 medley
EFE/PATRICK B. KRAEMER
Phelps celebra o feito histórico conquistado nos Jogos Olímpicos
EFE/JULIAN ABRAM WAINWRIGHT
Phelps valorizou muito o desempenho dos seus companheiros de time nas provas
EFE/DANIEL DAL ZENNARO
Com o feito, Phelps superou o recorde do compatriota Mark Spitz em Munique-1972
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Com os oito ouros de Pequim, Phelps agora é o maior de todos. Mais ouros em uma Olimpíada, mais títulos olímpicos que qualquer outro atleta, mais recordes mundiais do que qualquer nadador. Motivação para o futuro, ele garante ter. "Quero que a natação deixe de ser um esporte que só é levado a sério de quatro em quatro anos".

Confira entrevista.
Quando você finalmente quebrou a marca de Spitz, o que pensou assim que saiu da piscina?
Phelps -
É algo que eu queria muito. É resultado de muito trabalho duro. E estou agradecido por tudo ter dado certo. Foi uma semana perfeita. Tive companheiros de equipe incríveis, os três revezamentos ganharam, consegui vencer os 100 m borboleta por um centésimo. Mas não são só os momentos na água que vão ficar marcados, mas os fora dela também. Os últimos dois meses, a reta final de preparação, foram os melhores da minha vida.

Qual foi o melhor momento para você em Pequim?
Phelps -
Eu não penso em um momento apenas. Acho que antes de tudo começar, eu e outros atletas da equipe estávamos conversando sobre as memórias de outras Olimpíadas. Alguns deles não se lembravam das provas. E eu queria me lembrar de cada momento. Primeiro, estar no time olímpico dos EUA é uma das maiores honras que um nadador pode ter. E essa equipe, especificamente, é ótima. Nunca fiz parte de um time tão unido na minha vida. Jogamos cartas ou simplesmente conversávamos, mas com cinco ou seis atletas sentados em volta de uma mesa, ríamos o tempo todo. Fora da piscina ou dentro da piscina, vou ter toneladas de memórias que não pretendo esquecer para o resto da minha vida.



Você ficou na Vila Olímpica?
Phelps -
Sim, na mesma casa que os nadadores, os atletas do time de atletismo, dos boxeadores. Foi legal, mas todo mundo acaba ficando separado, com suas próprias equipes. Mas cheguei a ver alguns atletas andando. Conheci (o espanhol Rafael) Nadal, que é meu tenista favorito. E ainda vi Dirk (Nowitzki, alemão do basquete) e (o tenista suíço Roger) Federer, andando. É um ambiente legal.

O que sua mãe (Deborah Phelps) disse quando você escalou as arquibancadas após a cerimônia de pódio?
Phelps -
Ela não disse nada, simplesmente começou a chorar, eu comecei a chorar, minhas irmãs (Whitney e Hilary) começaram a chorar. Espero que ainda possa estar com ela hoje, para compartilhar um pouco desse momento.

Como você explica ter conquistado os oito ouros, com sete recordes mundiais?
Phelps -
Meu técnico, Bob (Bowman), tem uma expressão que sempre diz quando estamos em fase de treinamento. A cada tiro, ele me diz que estou colocando dinheiro no banco. Algumas vezes, durante uma seqüência de treinos que eu não quero fazer, ele sempre falava que eu estava poupando dinheiro, para quando precisasse. Acho que coloquei muito, muito dinheiro no banco, e tirei todo esse dinheiro agora, para as Olimpíadas. Agora, quando voltarmos, vai ser tempo de recomeçar essa poupança.

Mark Spitz, em um jornal norte-americano, fez a comparação de que, se ele fosse o primeiro homem a pisar na lua, você seria o primeiro em Marte. Concorda com isso?
Phelps -
Primeiro, recordes são feitos para serem quebrados. Não importa que recorde seja. Qualquer um pode fazer o que quiser, se tiver essa meta. E eu quero ser o primeiro Michael Phelps, não o segundo Spitz. O que ele fez ainda é impressionante. O que ele fez ainda é incrível. Quando eu lembro dos meus treinamentos, dos dias em que estava cansado e querendo ir para casa, e ainda assim tinha que acordar cedo para treinar, o que me fazia levantar era essa marca. Por isso, só tenho de agradecer por ele ter feito o que fez.

O que ainda tem mais a conquistar na natação? Qual seu objetivo para continuar nadando?
Phelps -
Tem algumas coisas que ainda quero fazer. Quero tornar a natação mais popular. É ruim falar, mas a natação hoje é um esporte que só acontece de quatro em quatro anos. E isso não é verdade. A gente treina todo dia, quase sem folga nenhuma, e pouca gente sabe disso. É claro que já evoluímos muito. Já ouvi que 75 mil pessoas no estádio do (time de futebol americano Baltimore) Raven pararam para ver a final do revezamento de hoje. E que mais 100 mil pessoas fizeram isso no jogo do Cincinnati, pelo telão. Há quatro anos, não teria acontecido isso. O esporte evoluiu, mas ainda tem muito a avançar. E quero ajudar a fazer isso.

Pretende continuar nadando na equipe norte-americana no ano que vem?
Phelps -
Esse é o plano. Minha mãe disse que me quer no time, para que ela possa continuar viajando. Então, se é desejo de mamãe, vamos continuar treinando para fazer isso acontecer.

O que você vai fazer agora?
Phelps -
Quando voltar, eu vou tirar férias. Não vou fazer nada, vou sentar, não vou me mover. Vou fazer os meus horários e me divertir com amigos. Vou sair da China no dia 21. Acho que uma das coisas que mais estou esperando é voltar aos EUA. Dormir na minha própria cama nem que sejam por cinco minutos.

Você escreveu em um papel as suas metas nos Jogos de Pequim. Todas se realizaram?
Phelps -
Tudo aconteceu essa semana. A única coisa que queria era ser mais rápido nos 200 m borboleta. Sei que posso ser ainda mais rápido. Mas os problemas nos óculos não deixaram. Tirando isso, foi a semana perfeita.

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