UOL Olimpíadas 2008 Notícias

16/08/2008 - 03h33

"Bronze nos 100 m foi fundamental para esse ouro", diz Cielo

Bruno Doro
Em Pequim (China)
O ouro de César Cielo, o primeiro da história da natação brasileira, veio depois de uma temporada desastrosa para o nadador paulista. Em competições internacionais, não conseguiu os títulos expressivos que queria e foi batido pela maioria de seus adversários da final olímpica.

A fase era tão ruim que o paulista chegou a Pequim reclamando: "Até as Olimpíadas, eu só tinha me sentido bem em um dia, no ano inteiro", lembra. "Fiquei tomando coco de todos os meus rivais. E minha auto-estima foi caindo".

Veio então a final dos 100 m livre. Da raia oito, a mesma em que Fernando Scherer tinha conquistado a última medalha olímpica individual da natação brasileira, Cielo foi ao pódio. Estava quebrado o encanto e começava a melhor campanha de um brasileiro em piscinas olímpicas.

"Aquele bronze foi fundamental, para afastar toda essa parte negativa. Veio para mudar a história. Se o bronze não tivesse vindo, a medalha de ouro também não viria. Foi aquela raia oito, fiquei a quatro centésimos do nono colocado (para entrar na final) e aquilo mudou tudo", comemora o brasileiro.

Ao sair da piscina, seu técnico, o australiano Brett Hawke, finalista olímpico dos 50 m há quatro anos, só olhou e disse: "Eu não te falei? Se estava na final, é porque podia ir ao pódio". Vieram então as eliminatórias dos 50 m livre e o australiano voltou a insistir com Cielo: "Nem estou preocupado. Sua tempo para a virada(50 m) é o melhor de todos".

Pouco antes de cair na água, para a final dos 50 m livre, mais uma vez o australiano teve papel fundamental: "Você viu que o Phelps acabou de ganhar por um centésimo? Você tem de ir lá fora e botar a mão na parede. Você ganha ou perde por um centésimo. E você não quer perder. Sei que está dentro de você, é só deixar sair. Todo mundo viu, todo mundo sabe que você está mais forte e mais rápido do que eles".

Quando Cielo subiu ao pódio, Hawke foi até a beira da piscina, enrolado com a bandeira brasileira, claramente emocionado. "Em um ano, ele descobriu exatamente como me treinar. Sabe como tirar o melhor de mim", agradeceu o brasileiro.

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