As notícias de agressões a cidadãos dos EUA e da Austrália trouxeram à tona o tema da xenofobia na China. Isso quando as autoridades do país estavam programando um mega-esquema de segurança em Pequim, tirando da cidade mendigos, desempregados e prostitutas e enchendo de policiais, soldados e voluntários.
A morte de parente de membro da comissão técnica do vôlei masculino dos EUA surpreendeu a mídia presente na capital chinesa. Afinal, a expectativa era haver protestos isolados durante os Jogos aproveitando as atenções mundiais voltadas para lá - temas não faltam como direitos humanos, Tibete, separatismo muçulmano, liberdade de imprensa etc.
A China viveu anos de isolamento internacional da década de 40 até o começo dos anos 80, quando era ensinado que todo estrangeiro, principalmente o ocidental, era uma ameaça ao regime. Com a abertura econômica incentivada por Den Xiaoping há 20 anos, isso começou a mudar.
Pequim, inclusive, é uma cidade considerada cosmopolita, com forte presença estrangeira, seja pela comunidade diplomática ou empresarial atraída pelas sedes e escritórios na cidade.
As manifestações de xenofobia, porém, não são raras. Os episódios mais conhecidos recentemente são em relação ao Japão, que invadiu e dominou a China antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A cada homenagem de um governante japonês aos heróis daquela guerra há a reação chinesa com protestos na frente da embaixada do Japão em Pequim.
Na cerimônia de abertura dos Jogos, a delegação nipônica entrou no estádio Olímpico com providenciais bandeiras chinesas na mão. E foi recebida com aplausos pelo público presente no Ninho de Pássaro. Os norte-americanos também foram ovacionados, ainda mais quando Kobe Bryant, da NBA, foi focalizado pelo telão do recinto. O único que recebeu vaias foi o presidente dos EUA, George W. Bush, quando se levantou para saudar seus compatriotas.