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08/08/2008 - 16h24

Primeira Olimpíada sem Borges testa estrela de Pereira e Cielo

Bruno Doro
Em Pequim (CHN)
Não há dúvida de que a imagem moderna da natação brasileira se baseia em Thiago Pereira e César Cielo. Impulsionados pelo sucesso no Pan-Americano do Rio de Janeiro, os dois se tornaram estrelas nacionais e conquistaram o respeito do mundo esportivo. A partir deste sábado, porém, chega a hora de mostrar brilho, também, dentro da água.

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Inspirado pelas sete medalhas no Pan do Rio, Pereira busca o sonho olímpico
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Cielo ganhou "apenas " quatro medalhas no Pan, mas não vai ter pela frente...
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... o norte-americano Michael Phelps, que vai tentar fazer história em Pequim
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Esta será a primeira Olimpíada da natação brasileira após a era Gustavo Borges. O nadador do interior paulista elevou o patamar da modalidade, liderando o Brasil na conquista de quatro medalhas olímpicas (Borges conquistou duas individuais, Fernando Scherer levou uma e o revezamento 4x100 fechou a contagem) em dois Jogos Olímpicos diferentes. Em 2004, ele e outros nomes marcantes da geração, como Rogério Romero e Scherer, deixaram a seleção - o último, antes dos Jogos.

"Em Atenas, eu estava muito mais ansioso. Agora, mais maduro, acho que estou preparado para suportar a pressão. A natação foi bem na década de 90, com o Gustavo Borges e o Xuxa e em 2004 o Brasil não conquistou nenhuma medalha. É normal que as cobranças aumentem. Eu procuro não pensar muito nisso. Meu primeiro objetivo é chegar às finais. Depois vou pensar na medalha", diz Thiago Pereira.

"O Thiago chega hoje com muito mais experiência. Ele já tem uma Olimpíada no currículo, viveu os Jogos Pan-Americanos em casa. E ele tem uma característica muito legal de ser muito focado e objetivo. Não acredito que sinta a pressão", afirma Fernando Vanzella, técnico de Pereira.

Em solo nacional, Cielo pode não ter o mesmo reconhecimento de Pereira. Afinal, no Pan o companheiro de equipe conquistou oito medalhas, enquanto ele levou "apenas" quatro. Em sua prova, porém, não terá de enfrentar nenhum Michael Phelps e entra acreditando em ouro. "O César entra como zebra e acho isso bom. Ele está entre os melhores do mundo e tenho certeza que ele vai ter seus melhores tempos em Pequim", diz o australiano Brett Hawke, treinador do velocista.

Já a natação feminina vive um período turbulento. Mesmo com a maior equipe que já foi para os Jogos, repetir o desempenho de Atenas, em que chegou na final em três provas, será considerado um feito. Um dos ícones do grupo, a velocista Flávia Delaroli, por exemplo, não melhora seus tempos nos 50 m livre desde a final olímpica que disputou há quatro anos. "Para um nadador, não conseguir evoluir nos tempos em um período tão grande é frustrante", admite.

Joanna Maranhão é outro exemplo. Ela disputou duas finais na Grécia, mas teve temporadas ruins desde então. Chega aos Jogos renovada, após afirmar que sofreu abuso sexual na infância, mas longe dos melhores tempos do mundo em suas especialidades. Nos 400 medley, em que foi quinta colocada em Atenas, Joanna chega a Pequim apenas com o 43º tempo do ano.

Cenário pior vive o revezamento 4x200 m livre. Em 2004, as brasileiras foram para a final da prova. Em 2008, nem mesmo se classificaram. "É algo a se investigar. A Monique (Ferreira) ainda bateu o recorde sul-americano, mas as outras meninas não evoluíram tanto. É o único revezamento em que o Brasil não conseguiu classificação", diz a veterana Fabíola Molina, mais velha de todo o time de natação do país.

As provas de natação no complexo aquático Cubo D'Água, em Pequim, começam neste sábado, às 7h30. O primeiro brasileiro a cair na água é justamente Thiago Pereira, para as eliminatórias dos 400 m medley. Phelps e sua luta contra números de Spitz elevam status da natação em Pequim

O "Show de Phelps" começa neste sábado no Cubo D'Água de Pequim. Muito mais do que a natação propriamente dita, a maioria das pessoas presentes nas provas da modalidade nas Olimpíadas de Pequim estará lá para acompanhar o fenômeno norte-americano em busca de um recorde.

Michael Phelps, 23 anos, disputa os Jogos para bater a marca de Mark Spitz, sete ouros em uma só Olimpíada. Coincidentemente, os números buscados pelo norte-americano estão estritamente ligados ao espírito das Olimpíadas chinesas: nos Jogos abertos no dia 8 do 8 de 2008, às 8 horas (da noite em Pequim), o nadador busca oito medalhas de ouros.

"Nós passamos boa parte da carreira de Michael nos preparando para este momento", disse o técnico Bob Bowman, satisfeito com os últimos treinos de se pupilo. "Estamos aguardando por este desafio e creio que ele está bem preparado".

"Acho que a imprensa pensa mais nisso do que eu mesmo. Eu não gosto de falar no assunto. Só quero cair na água e competir", disse a maior estrela da modalidade na China. Até mesmo o próprio Spitz espera ver sua marca cair. "Ele será inacreditável. Baterá recordes e vencerá com vantagens que as pessoas consideravam impossíveis", disse às agências internacionais o destaque das Olimpíadas de 1972.

Em sua busca pela marca, Phelps terá de se desdobrar na piscina. Ele está inscrito para os 200 m e 400 m medley, mesmas provas do brasileiro Thiago Pereira, além dos 100 m e 200 m borboleta, 200 m livre e os três revezamentos. Isso fará com que ele nade todos os dias no Cubo. "Quando estou em competição, é como se estivesse em uma jaula. É só me soltar que sei o que fazer", releva o atleta.

O norte-americano chega às Olimpíadas com uma das temporadas mais problemáticas de sua carreira. No começo do ano, quebrou o pulso depois de escorregar quando entrava em um carro. Sua preparação acabou atrasada, mas não prejudicada. Em suas cinco provas individuais ele chega com as melhores marcas do ano.

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