Nunca o judô brasileiro foi tão favorito à conquista de medalhas em uma Olimpíada. Em 2007, a modalidade viveu o ano mais vitorioso de sua história, ratificou o rótulo de potência após conquistar três títulos mundiais e, como contraponto, virou alvo de todo o mundo. Nesse contexto, um tropeço acabou servindo como arma para os Jogos de Pequim.
As chaves da modalidade começam a ser disputadas neste sábado, com os judocas mais leves, e o Brasil luta para voltar a brilhar com dois grandes desafios: contornar a pressão por resultados, que vem da própria Confederação Brasileira, e fugir do favoritismo para surpreender, mesmo com seu jogo marcado pelos adversários.
"Os títulos não pesam. Mas depois do Mundial, foi bom termos ido para a Europa e não tido um desempenho tão bom. Tirou um pouquinho dessa pressão e o time vai entrar com os pés no chão. Não vamos ser tão visados como campeões mundiais porque, depois do título, já fomos derrotados. Eu acho que isso é até uma certa vantagem para a gente", diz o técnico da equipe masculina, Luiz Shinohara.
A temporada na Europa, inclusive, foi uma das piores do Brasil nos últimos anos. Nas etapas que os brasileiros disputaram, a única medalha de ouro veio com Mayra Aguiar (70 kg), na Copa do Mundo de Varsóvia.
A expectativa por uma campanha histórica vem da própria comissão verde-amarela. O presidente da CBJ, Paulo Wanderley, disse não esperar nada além do melhor desempenho entre todas as Olimpíadas. Isso significa um número mínimo de três medalhas, uma delas de ouro.
"Por causa dos resultados que tivemos no ano passado, todos estão de olhos em nós. Agora chegou a hora de provar a todos que evoluímos", afirmou Shinohara, que participou como atleta dos Jogos de Los Angeles, em que o país conquistou três medalhas: a prata de Douglas Vieira (95 kg) e os bronzes de Luis Onmura (71 kg) e Walter Carmona (86 kg).
Para superar a campanha de 1984, o Brasil se apóia em seu trio de campeões do mundo: João Derly (meio-leve), Tiago Camilo (meio-médio) e Luciano Corrêa (meio-pesado). João Gabriel Schlittler (pesado) também foi medalhista em 2007. No caso de Derly, a pressão será ainda maior, pois ele também foi campeão do mundo dois anos antes, no Cairo (Egito).
Ainda completam a equipe masculina o medalhista de bronze em Atenas-2004 Leandro Guilheiro e o experiente Denílson Lourenço, que volta a disputar uma Olimpíada depois de Sydney-2000. Fecha a lista o novato nos Jogos Eduardo Santos, de 25 anos.
A missão da esquadra feminina é menos ousada. Sem contar com representante na categoria pesado, as seis judocas da seleção lutam pela primeira medalha do país nas Olimpíadas. Até hoje, o mais longe que as brasileiras chegaram foram nos quintos lugares de Mônica Angelluci e Soraia André em Seul-1988.
Além da atleta paraibana, a equipe conta com Sarah Menezes (ligeiro), Andressa Fernandes (meio-leve), Ketleyn Quadros (leve), Danielli Yuri (meio-médio) e Mayra Aguiar (médio).