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05/08/2008 - 13h36

Substituta de Érika Miranda reclama da CBJ por não levar a vaga

Paula Almeida
Em São Paulo
Entrar em uma competição após o corte de um atleta titular é algo rotineiro dentro do esporte e poderia acontecer no judô brasileiro que disputará os Jogos de Pequim a partir do próximo sábado. Poderia, se a substituta imediata de Érika Miranda, lesionada, não tivesse sido preterida pela CBJ (Confederação Brasileira de Judô) assim como todos os outros reservas da equipe.

A judoca Érika Miranda, da categoria até 52 kg, apresentou uma lesão no joelho direito após exame dos médicos da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e foi cortada, nesta terça-feira, da delegação.

A atleta já apresentava um inchaço desde o período de treinamento no Minas Tênis Clube. Na passagem pelo Japão com o resto da equipe, ela se dedicou à fisioterapia, mas não se recuperou para disputar as Olimpíadas de Pequim-2008.

Nesta terça, a brasiliense, de 21 anos, passou por uma ressonância magnética na capital chinesa e acabou vetada, segundo decisão do médico da seleção, Wagner Castropil, e do diretor médico do COB, João Granjeiro.
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Após confirmar o corte de Érika, a CBJ, em conjunto com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), informou que não haveria tempo hábil para que Andressa Fernandes chegasse a Pequim para as disputas da categoria até 52 kg, no domingo. Em entrevista ao UOL Esporte, porém, a judoca mostrou-se resignada com a decisão das entidades. "Em um dia eu chego lá. Se sair daqui hoje, chego lá amanhã e tenho três dias para me adaptar ao fuso. Dá tempo", insistiu a atleta de 22 anos. "Estou fazendo o que eles disseram pra fazer, continuo treinando, estou no peso. Eu estou em condições de ir, mas se eu não for, é porque eles não quiseram".

Andressa mencionou que ainda não havia sido contatada pela CBJ até o momento da reportagem (por volta das 13h). "Ninguém entrou em contato comigo. Meu professor está tentando falar com alguém da CBJ, mas ninguém atende", reclamou. "Fiquei sabendo [do corte de Érika Miranda] pelo meu namorado, que está lá em Manaus e leu a notícia no UOL".

A permanência de todos os reservas no Brasil foi uma opção da CBJ, que não quis levá-los ao Japão para o período de treinamentos e aclimatação dos titulares. No lugar dos substitutos, a entidade levou a seleção junior, que se prepara para o Mundial da categoria a ser disputado em outubro, na Tailândia.

Diretamente prejudicada, Andressa questionou a decisão da comissão técnica brasileira. "Se tem uma equipe B, ela tem que estar junto. Essa opção foi arriscada, porque lesão pode acontecer em qualquer momento. Aconteceu no ano passado, no Mundial, mas deu pra substituir porque foi aqui", lembrou a santista.

"Quando eu participei da seletiva olímpica, já entrei para ser reserva dela [Érika], porque ela foi quinta no Mundial e tinha vaga garantida. Eu treinei e me classifiquei para ser reserva. E agora que eles precisam da reserva, não querem", diz Andressa. A judoca, no entanto, tenta não estremecer sua relação com a CBJ. "Eu me sinto prejudicada, porque eles sabiam que isso poderia acontecer. Mas eu não tenho como me afastar, porque se eles quiserem, podem me cortar de todos os campeonatos".

Segundo fontes ligadas à CBJ, a comissão técnica também alegou que não levaria os reservas porque eles iriam desmotivados. Andressa negou. "Eu iria com o maior prazer. Só de estar lá, treinando junto, já seria uma experiência ímpar. Além disso, estaria ao lado de Pequim e eu poderia ir ver os Jogos pagando do meu dinheiro", comentou.

Apesar da insatisfação por não poder ir a Pequim, a santista reconhece que fica triste por Érika Miranda, mesmo não sendo sua amiga próxima. "Ela conseguiu a vaga dela por mérito, eu não desejei mal nenhum. Ela lutou muito bem, foi uma vaga merecida. Mas foi uma infelicidade. Ela sabe do potencial dela, tem que dar volta por cima. É como eu, que se não for, vou perder a vaga não por culpa minha".

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