O Brasil importou da Austrália um finalista olímpico para ajudar o paulista César Cielo a conquistar uma medalha nas Olimpíadas de Pequim. Entre técnicos falando português, Brett Hawke, sexto colocado nos 50 m das Olimpíadas de Atenas, dando instruções apenas em inglês.
Ainda com o corpo esguio de nadador, ele trabalhou com Cielo na universidade de Auburn, nos EUA, e veio para Macau, onde o time está fazendo a aclimatação para as Olimpíadas, atendendo a um pedido especial de Cielo. "Ele era velocista e nós temos tempos parecidos. Nos entendemos muito bem, estou com ele há três anos e confio inteiramente nele", explica o nadador.
Com Brett trabalhando na China com o time brasileiro, Cielo mostrou durante a semana que está em forma. Em uma tomada de tempo extra-oficial enquanto usava o supermaiô LZR, o brasileiro marcou o melhor tempo de sua vida nos 25 metros.
"Nas provas em que ele vai nadar, os 50 m e os 100 m livre, são 25 nadadores e desses, dez podem vencer e César está entre eles. É claro que depende de como cada um está no dia e como a cabeça se comportará nas Olimpíadas. Hoje, eu acho que ele está em uma boa posição em relação aos concorrentes", analisa Hawke.
O grande trunfo do brasileiro é justamente não estar entre os grandes favoritos. Cielo chega aos Jogos com o oitavo tempo do ano nos 50 m livre (21s75) e o nono nos 100 m (48s34), segundo a Federação Internacional de Natação.
"Existem muitas expectativas em cima dos caras que bateram o recorde mundo até agora e é bom que ele não esteja nesse grupo. Ele entra como uma zebra, ninguém espera que ele vença e ele precisa se concentrar mais em sua performance do que em ganhar", diz Hawke.
Nesse aspecto, o australiano usa sua própria experiência para aconselhar o pupilo. "Ele é tão bom quanto qualquer um e nadou tão bem quanto qualquer um neste ano. Mas precisa esperar pelas Olimpíadas e ver como ele se sai naquele ambiente. O importante é não se concentrar muito em que medalha você vai ganhar. No meu caso, algumas vezes passava pela cabeça que eu tinha de conquistar o ouro. Mas percebei que eu nadava muito melhor quando eu estava concentrado no que eu podia controlar, que é melhorar a minha marca".