"Estou pronto para não nadar". A frase bem humorada de Phillip Morrison espelha o sentimento de um grupo incomum na natação brasileira: os reservas. Pela primeira vez, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos convocou um nadador a mais para o time olímpico. E eles só irão nadar caso algo aconteça com os titulares.
"Estou como reserva, pronto para não nadar, mas pronto também para nadar. Na hora que eles falarem que tem uma vaga, eu estou aqui e preparado. Estou treinando como se fosse nadar. Mas se não disputar a prova, tudo bem", explica Morrison, do 4 x 200 m.
A situação é a mesma de Julyana Kury e Fernando Silva. O último é o quinto homem do 4x100 m livre. "É chato vir para as Olimpíadas e não competir, mas eu sei que natação, ou qualquer outro esporte na verdade, o atleta está sujeito a isso. Mas eu sei o quanto trabalhei e estar nas Olimpíadas é o sonho de qualquer atleta. E eu estou realizando o meu. Reserva ou não", comemora.
O fato gera situações inusitadas. Mesmo sem garantia de que vão cair na água em Pequim, eles têm a fama de integrar o time olímpico da natação brasileira. "É bem legal virar para os amigos e dizer que você vai nadar nas Olimpíadas. Muda o astral", admite Morrison. "Mesmo reserva, estou aqui conhecendo o outro lado do mundo, na China. Estou dentro dos Jogos Olímpicos, não apenas vendo", completa o nadador.
Com Fernando Silva, a coisa é um pouco diferente. Ele tem mais chances do que Morrison de se nadar em Pequim. Como o rendimento dos cinco atletas do 4x100 m estão com desempenhos parecidos, haverá uma tomada de tempos para definir os quatro integrantes do time. Silva concorre com Eduardo Deboni por um lugar como titular.