UOL Olimpíadas 2008 Notícias

30/07/2008 - 14h42

Ano olímpico faz estrelas da natação brasileira usarem diferentes "blindagens"

Bruno Doro
Em Macau (China)
A natação brasileira hoje gravita ao redor do triunvirato de Thiago Pereira, César Cielo e Kaio Márcio. As três estrelas do time brasileiro que vão nadar as Olimpíadas de Pequim têm em comum o fato de que precisaram, principalmente após 2007, montar um esquema de "blindagem" para conter o assédio e colocar a cabeça no lugar para se preparar para as Olimpíadas.

Carol Guedes/Folha Imagem
Thiago Pereira não se isolou, porém teve que contratar uma equipe para auxiliá-lo
Ted S. Warren/AP Photo
Cielo se isolou em uma pequena cidade norte-americana para treinar sem tietagem
Caio Guatelli/Folha Imagem
Kaio Márcio voltou para a terra natal, onde também pôde treinar com mais sossego
VEJA O TREINO DE HOJE DA NATAÇÃO
THIAGO FALA SOBRE TREINO
KAIO COMENTA ADAPTAÇÃO
As três soluções encontradas são bem diferentes. Thiago Pereira, por exemplo, se manteve perto de Rio e São Paulo, para onde estão voltadas as atenções no Brasil, mas contratou uma equipe para protegê-lo. César Cielo e Kaio Márcio preferiram a distância. O primeiro se isolou nos Estados Unidos, em uma pequena cidadezinha do interior. O segundo, ficou na Paraíba.

"Desde o ano passado, principalmente depois do Pan-Americano do Rio de Janeiro, precisei a dar uma segurada para focar mais nas Olimpíadas", explica Thiago Pereira. "De dois anos para cá, ele passou a ser uma personalidade e tivemos de montar um time para que todo esse assédio não atrapalhasse os treinos", completou Fernando Vanzella, seu treinador.

Em 2008, Thiago ganhou assessoria de imprensa e passou a dar entrevistas só uma vez por semana. Os convites para programas de televisão ou eventos povoados de celebridades passaram a aparecer mais, mas sempre recusados. "Só aceitava quando tinha certeza que não iria atrapalhar o treino", diz o nadador carioca, radicado em Minas Gerais.

César Cielo nem precisou se preocupar com tanto assédio. Após sofrer no Pan - "era tanta gente, não conseguíamos atender todo mundo e ainda não dava tempo para fazer as nossas coisas" -, ele voltou para a universidade de Auburn e se manteve isolado. "Ter ficado nos EUA ajudou a não sentir isso. Aqui (em Macau) está bem tranqüilo, só uma hora ou outra tem entrevista. No Pan do Rio, essa relação foi difícil", lembra.

Após deixar Auburn, Cielo tratou de também montar uma equipe ao seu redor. Passou a ser empresariado por Fernando Sherer, medalhista olímpico e também velocista, como ele. "Assim que terminei a faculdade, o Fernando arranjou meu primeiro patrocínio. E a relação com ele é muito boa. Como ele foi nadador, sabe o que podemos fazer e o que não podemos. Quando o patrocinador pede uma reunião para as quatro da tarde, por exemplo, ele nem precisa me ligar para saber que eu vou estar treinando", conta.

Mais tímido do trio, Márcio seguiu isolado em João Pessoa. Em sua cidade, ele tem montado todo o esquema que precisa: tem piscinas a sua disposição e está bem longe da imprensa e das atenções do sudeste, que poderiam atrapalhar a preparação.

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