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28/07/2008 - 13h29

Fabíola Molina evita rótulo de líder. Prefere ser irmã mais velha

Bruno Doro
Em Macau (China)
Há oito anos, Fabíola Molina era a única mulher do Brasil na delegação da natação brasileira que foi para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000. Hoje, na companhia de mais dez meninas, a agora veterana é apontada como a líder em uma equipe que bateu o recorde de participação feminina nas Olimpíadas.

Líder? Ela evita a palavra. "Sou mais uma irmã mais velha, aquela que está lá para ajudar", diz a nadadora. A opinião de quem trabalha de perto com o grupo de nadadores, porém, é outra. "Ela é importante, é líder, sim", afirma o técnico Alberto Silva.

Flávio Florido/UOL
Fabíola Molina, que já esteve em Sydney-2000, irá para sua segunda Olimpíada
EQUIPE EM CLIMA DE CONCENTRAÇÃO
BRASILEIROS TREINAM EM MACAU
Aos 33 anos, ela não é só a mais velha entre as mulheres, mas entre todos os nadadores que entrarão na piscina do Cubo D'Água de Pequim para defender o Brasil. A idade, aliás, é outro dos rótulos que ela rejeita. "Não me sinto velha. Idade é relativo. Posso ter 33, mas a gente é um grupo só".

Para Pequim, a natação feminina do país teve, pela primeira vez, cinco atletas com os índices exigidos nas provas individuais: Daynara de Paula e Gabriella Silva, nos 100 metros borboleta, Fabíola, nos 100 m costas, Flávia Delaroli, nos 50 m livre, e Joanna Maranhão, nos 400 m medley. Essa marca chega após bons resultados em Atenas. Nas Olimpíadas de 2004, Joanna e Flávia foram finalistas em suas provas, algo que não acontecia há 56 anos para mulheres brasileiras.

"Temos um equilíbrio na equipe. Acho que as meninas estão em evolução, temos jovens apontando e a natação tem resultados a longo prazo. Já é uma grande vitoria ter cinco meninas aqui. Principalmente olhando para o que aconteceu há oito anos atrás", afirma Fabíola.

Para ter certeza de que o grupo, além do recorde de participação, também mostre bons resultados, Fabíola encarna o papel de irmã mais velha. Conversa com as mais jovens, dá conselhos de quem já esteve em situação ainda pior. "Quando fui para as Olimpíadas, eu era a única menina, sempre treinando sozinha. Homem, sabe como é, não gosta muito de ter mulher por perto", relembra.

Hoje, a situação é diferente. "As outras não tiveram de passar por esse processo [de treinar sozinha]. Desde o início estão inseridas em um grupo. Sempre fazendo brincadeira, almoçando junto, ficam no quarto com alguém. É mais tranqüilo".

Mesmo assim, ela não dispensa a preocupação. Uma delas, recebe tratamento especial: a novata Daynara de Paula, de 18 anos, que está pela primeira vez na seleção principal, já disputando uma Olimpíada.

"A Daynara já é um caso diferente. Ela é a menina com quem eu me preocupo mais porque nunca pegou seleção brasileira antes. Mas ela está com o técnico dela (Flávio Lopes) por aqui, fica mais fácil", completa Fabíola.

O time feminino, além das cinco classificadas para as provas individuais, tem mais cinco integrantes, que vão disputar os revezamentos 4x100 m livre e medley. No livre, vão para Pequim Tatiana Lemos, Monique Ferreira, Michelle Lenhardt e Julyana Kury, como reserva, além de Delaroli. Para o medley, Tatiane Sakemi completa o grupo que tem ainda Gabriella Silva e Tatiana Lemos.

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