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28/07/2008 - 07h34

Substituto de Scheidt, Fontes perde 5 kg por medalha

Maurício Dehò
Em São Paulo (SP)
Depois de dois ciclos olímpicos assistindo da reserva às medalhas olímpicas de Robert Scheidt, o catarinense Bruno Fontes finalmente tem a oportunidade de estrear no Jogos, disputando o pódio da classe Laser na China. Deixar a sombra do bicampeão olímpico deixou o velejador mais leve. Literalmente: durante a preparação para Pequim-2008, ele teve de perder cinco quilos.

Rafael Andrade/Folha Imagem
Efeito sanfona: Fontes ganhou seis quilos
e depois perdeu cinco deles para os Jogos
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Aos 28 anos, o velejador trabalhou muito em sua preparação física, fator sempre apontado por Schedit como seu segredo de sucesso. Uma das maiores dificuldades de Fontes, porém, não é regulável: com 1,75 m, é considerado baixo para competir na categoria, que conta com velejadores com maior estatura. Scheidt, hoje na classe Star, por exemplo, mede 1,88 m. Por isso, o catarinense foi obrigado a ganhar peso para conseguir fazer mais contrapeso e, assim, melhorar a estabilidade de sua embarcação.

"Por ser um cara baixo, tive que evoluir muito fisicamente para compensar esta falta de altura", explicou o catarinense, que afirma ter melhorado muito nos últimos três anos, devido a esse trabalho. "Foi um esforço bem planejado, eu ganhei peso, mas depois tive de perder já que a maior parte da competição deve ser sob vento fraco".

O velejador fez um extenso trabalho de musculação no período, adicionando seis quilos ao seu peso original, de 78 kg. O problema é que as regatas em Qingdao, sede da vela nos Jogos de Pequim, serão atípicas devido ao vento fraco no local da competição. Com isso, Fontes teve de rearranjar seus treinos e voltar quase ao seu peso original: hoje perdeu cinco quilos e está com 79 kg.

Não é só o peso de Fontes que foi trabalhado desde Atenas. A melhora técnica foi fundamental para que o velejador chegasse à China com condições de lutar por uma medalha. "A perda de peso me deu mais agilidade, mas também consegui pegar bastante a 'mão' do barco, para saber compensar tecnicamente a força que o vento pode fazer".

Como Ricardo Winicki, da classe RX:S, Fontes é mais um brasileiro que prefere ventos de intensidade média na disputa, ao contrário do que costuma acontecer em Qingdao. "Você tem de saber o que pode enfrentar, não há como escolher a condição, então espero que, se o vento estiver fraco, ele também me traga bons resultados", completou ele.

Responsabilidade
Estreante nos Jogos, Bruno Fontes terá um papel de peso para substituir Robert Scheidt, de quem foi reserva nas duas últimas Olimpíadas, e que resolveu tentar uma vitória na classe Star. Acostumado às comparações, o catarinense demonstra otimismo quanto à possibilidade de conseguir um bom desempenho na China.

"Eu esperei minha vida inteira para chegar a este momento e sei da minha responsabilidade. Todos vêem isso como cobrança, mas, se eu der meu melhor e estiver inspirado, posso trazer uma medalha. Estou tranqüilo", afirmou o brasileiro.

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