A natação brasileira, pelo menos em Macau, é formada por dorminhocos. Na China há dois dias, a delegação verde-amarela que vai nadar no Cubo D'Água de Pequim está usando o sono como parte do processo de aclimatação para o fuso horário. A diferença é de 11 horas do horário brasileiro para o chinês. O objetivo é acostumar a equipe até o dia 8 de agosto, para a abertura dos Jogos Olímpicos.
"Nesses primeiros dias aqui em Macau estamos treinando mais tarde, para que os atletas possam dormir mais. É justamente isso que eles precisam nesse início de aclimatação. Muitos acham que atleta só tem de treinar e treinar, mas o descanso também faz parte da preparação", explica Rômulo Noronha, chefe da delegação de natação do Brasil.
Os nadadores chegaram em Macau na quinta-feira e já caíram na piscina. Neste sábado, foram duas sessões, uma entre meio-dia e 14h e outra à noite, entre 20h e 22h. Na próxima semana, os horários devem ficar mais próximos dos das provas em Pequim. Nas Olimpíadas, as eliminatórias da natação serão disputadas a partir de 18h.
"Na próxima semana, pretendemos diminuir o horário de treinos para, quando chegarmos em Pequim, os atletas estejam habituados ao horário em que vão aquecer para a competição", completa Noronha.
Os nadadores estão usando as instalações da piscina olímpica de Macau. Logo ao lado está o estádio Nacional, onde neste sábado o Chelsea, do gaúcho Luiz Felipe Scolari, jogou um amistoso. O local foi elogiado pelos atletas, mas com algumas ressalvas. "O clima está bem legal, a piscina é adequada, só que está um pouco quente", disse o reserva do revezamento Phillip Morrison.
Os atletas já começam a dar sinais de estar se acostumando com a diferença de horário. "Eu estou dormindo bem. Nos últimos dois dias, dormi a noite inteira, sem acordar. Mas ninguém ainda está aclimatado. O bom é que temos mais duas semanas para isso, para chegar em Pequim acostumados", diz Thiago Pereira, esperança de medalha nas provas de quatro estilos.
O ponto crítico da aclimatação, porém, ainda está para chegar. Segundo Rômulo Noronha, o período entre o quarto e o quinto dia é o que mais causa problemas. "É nesse tempo que o atleta sofre. Mas, também segundo a literatura (especializada), para cada hora você precisa de um dia para ajustar ao fuso. Por isso, parece que chegamos cedo demais em Macau, mas é o período necessário".